"Nos desertos da vida, entre amargura e vazio, presos num materialismo que tem seu próprio contraponto nas dificuldades de uma crise incontrolável, nós e as nossas comunidades tentamos transformar este contexto em um tempo de graça".
"A quaresma é um ícone da vida e uma escola para aprendermos a viver como Jesus, sem subterfúgios: ou o poder e seus derivados, ou a cruz e a ressurreição".
Diante da indiferença e do desinteresse que surgem do egoísmo disfarçado de respeito à privacidade, o arcebispo de Gênova indica a Carta aos Hebreus: "Prestamos atenção ao outro para nos estimular mutuamente à caridade e às boas obras" (10,24).
"Graças à Eucaristia, estamos imbuídos de Cristo e comprometidos entre nós: a nossa existência é correlacionada com a do outro. Tanto o pecado quanto as obras do amor têm uma dimensão social".
Citando Bento XVI, o presidente da CEI disse que "a humildade é, acima de tudo, a verdade; é viver na verdade, aprender a verdade, saber que a minha pequenez é a grandeza".
Neste sentido, o papa acrescentou: "Eu acho que as humilhações pequenas que vivemos dia a dia são saudáveis, porque ajudam todos nós a reconhecer a nossa verdade, para sermos livres da vanglória, que é contra a verdade e que não pode nos fazer felizes".
O cardeal precisou que, enquanto para o homem "a autoridade significa posse, poder, dominação, sucesso", para Deus ela é "serviço, humildade, amor", e significa "entrar na mente de Jesus, que lava os pés dos seus discípulos".
"Só no testemunho concreto da humildade é que a fé pode criar raízes e voltar a brilhar". Por isto o santo padre convocou o Ano da Fé, que o presidente da CEI considera "um questionamento profundo sobre o que Jesus Cristo é para nós". "Temos que resgatar a transcendência para os nossos contemporâneos, convidando-os a desenvolver novamente a capacidade de perceber Deus".
Ainda sobre o Ano da Fé, o arcebispo de Gênova destacou o quinquagésimo aniversário do Concílio Vaticano II, que "deve ser vivido principalmente numa perspectiva cristológica: Jesus no centro da Igreja e no centro das nossas vidas".
Quanto ao medo que as pessoas sentem na situação de crise que o mundo enfrenta, Bagnasco garantiu que podemos emergir "mais fortes e mais preparados espiritual e humanamente", alterando os nossos hábitos e a nossa maneira de pensar.
E concluiu: "Só uma conversão geral de mentalidade, que traga consequências vinculativas, como no âmbito dos impostos, de um salário mínimo, de um bem-estar compartilhado, de um crédito acessível, de uma responsabilidade cívica, pode recriar a atmosfera de confiança que agora parece dissolvida. Um clima que motive e inste à confiança mútua".
Antonio Gaspari
ROMA,(ZENIT.org)