"A grande ação esclarecedora e
purificadora de Bento XVI, desde que ele era prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, em total harmonia com João Paulo II certamente incomodou e
incomoda".
Foi o que disse e publicou numa
entrevista à Revista Famiglia
Cristiana que estará nas bancas na quinta-feira, o Secretário de
Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, "A sua ação para acabar com os
casos de pedofilia no clero, - disse o cardeal - mostrou que a Igreja tem uma
capacidade de auto-regeneração que outras instituições e pessoas não têm".
"É evidente como a Igreja é uma
rocha que resiste a todas as tempestades - destacou o cardeal -. É um ponto de
referência claro para inúmeras pessoas e instituições ao redor do mundo. Por
isso o interesse em desestabilizá-la".
Sobre a maneira como alguns jornais
realizaram uma obra de agressão ao Papa e aos seus colaboradores, o Secretário
de Estado disse: "Muitos jornalistas brincam de imitar Dan Brown.
Continua-se a inventar contos ou repropor lendas".
A este respeito o cardeal Bertone
pede para recuperar o senso da proporção, ponderando a consistência real dos
fatos, evitando criar fantasias sobre o conteúdo dos documentos roubados do
Papa, por Paolo Gabriele.
E garantiu que não é o resultado “de
um envolvimento de cardeais ou de lutas entre personalidades eclesiásticas pela
conquista de um poder misterioso”.
No que diz respeito às
responsabilidades do mordomo do Papa que roubou os documentos, o Cardeal
Bertone lembrou que as investigações estão em andamento. "O próprio Papa -
revelou - nos pediu várias vezes, de modo sincero, uma explicação das razões do
gesto de Paolo Gabriele, amado por ele como um filho”.
Também eu “Estou no centro do
conflito - explicou -. Vivo esses acontecimentos com dor mas também vendo
constantemente do meu lado a Igreja real”. Segundo o Secretário de Estado está
em ação uma “tentativa incansável e repetida de separar, de criar divisão entre
o Santo Padre e os seus colaboradores, e entre os mesmos colaboradores”. Se
está querendo “atacar aqueles que se dedicam com maior paixão e também maior
fadiga pessoal ao bem da Igreja”.
E desmentiu os rumores que
diziam que quando ele era arcebispo de Gênova teria recebido a visita de um
monsenhor “para dissuadí-lo de aceitar a proposta de Bento XVI que me queria
como Secretário de Estado".
"Totalmente falso" - disse
o prelado -, ainda se continuo a ler sobre isso”.
O Secretário de Estado reiterou o
quão sério seja "a publicação de uma variedade de cartas e de documentos
enviados ao Santo Padre, por pessoas que têm direito à privacidade, constitui
como já o dissemos muitas vezes, um ato imoral de gravidade sem
precedentes".
Violar a privacidade – explicou – “é
um furo a um direito reconhecido expressamente pela Constituição italiana, que
deve ser rigorosamente observado e cumprido."
Sobre a demissão de Ettore Gotti
Tedeschi diretor do IOR (Instituto das Obras Religiosas) o cardeal assegurou
que "a publicação dos trabalhos do Conselho de supervisão mostra que o seu
afastamento não se deve a dúvidas internas sobre a vontade de transparência,
mas sim a uma deterioração das relações entre os conselheiros, por causa de
decisões não partilhadas, que levou à decisão de uma mudança”.
"Além disso - acrescentou -
para além dos escândalos do passado (que são muito enfatizados e periodicamente
repropostos para causar desconfiança sobre esta instituição do Vaticano), o IOR
tinha se dado normas precisas bem antes da Lei da Anti-lavagem".
"O atual Conselho de
superintendência, - afirmou o cardeal Bertone - composto por altas
personalidades do mundo econômico-financeiro, tem continuado e fortalecido esta
linha de clareza e transparência e está trabalhando para restaurar a nível
internacional a estima que merece esta instituição".
No que diz respeito aos tempos e
procedimentos relativos ao estado de custódia cautelar de Paolo Gabrieli, o
cardeal explicou que sobre a liberação “o magistrado ainda não respondeu
favoravelmente ao pedido" e que os interrogatórios do Judiciário serão
retomados em breve.
Pe. Lombardi, diretor da sala de
imprensa do Vaticano, disse que os três cardeais que compõem a comissão de
inquérito - Jozef Tomko, Salvatore De Giorgi e Julián Herranz - ouviram 23
pessoas e sábado à tarde informaram sobre o estado das investigações e
esclareceram o assunto com o Pontífice Bento XVI.
[Traduzido do Italiano por Thácio
Siqueira]