Um sacerdote
americano enviou a seguinte pergunta para o padre Edward McNamara:
Poderia
comentar quais poderiam ser as penitências apropriadas e/ou adequadas no
sacramento da reconciliação? Eu tendo a manter-me no tradicional “Pai Nosso” e
“Ave Maria”, mas sinto que, por vezes, são inadequados. Um colega meu dá
penitências muito mais “difíceis” como a via sacra, a oração de dois ou três
terços, a leitura de certos salmos ou outros textos da escritura.
Muitos dos
seus penitentes geralmente retornam sem terem conseguido completar a sua
penitência e ficam preocupados. Como jovem sacerdote tinham me aconselhado dar
penitências que as pessoas pudessem cumprir antes de sair da igreja. - H.J.,
Peabody, Massachusetts
Padre
McNamara respondeu:
Antes de
mais nada é preciso sublinhar que qualquer penitência é intrinsecamente
inadequada para expiar completamente os nossos pecados. A gravidade de todo
pecado é muito superior do que a nossa possibilidade de reparar a falta de amor
a Deus. O maravilhoso da confissão é a generosidade de Deus ao oferecer-nos a
reconciliação e ao restabelecer conosco uma amizade.
A Igreja
limita-se a instruir os padres a proporem penitências apropriadas, que
correspondam à natureza de cada caso. O hábito de impor a oração como sinal de
penitência não é uma simples fórmula; mais ainda, justamente por ser oração, é
um sinal de renovação da graça naquelas almas que fazem a oração autêntica,
possível e digna.
Ao impor uma
penitência adequada existem vários fatores a serem levados em conta.
Primeiro é
preciso considerar a natureza do pecado, dado que as penitências querem ser
tentativas de consertá-los. Os pecados mais graves precisam portanto de
penitências mais severas, a fim de despertar a consciência e sensibilizá-la com
respeito à sua gravidade, especialmente quando esses pecados se repetem muitas
vezes. Pecados de injustiça, como o furto ou a difamação devem também ser
reparados por meio de alguma forma de restituição de bens ou do bom nome da
pessoa. É importante considerar também a natureza do penitente, pois não existe
uma "tarifa automática" correspondente a certos pecados.
Na medida do
possível, um sacerdote deve julgar a espessura espiritual da pessoa que se
confessa com ele antes de atribuir a penitência apropriada. Normalmente se
manifesta através da forma em que ocorre a mesma confissão. Uma pessoa que tem
uma grande ressonância espiritual e que vem de uma sólida formação cristã, se
beneficiará mais de uma penitência como ler a escritura, recitar os salmos ou
realizar atos de devoção.
Quando uma
pessoa ao invés disso tem um conhecimento menos profundo da fé, e não está
habituada a certas práticas como o terço, a Via Sacra ou o jejum, provavelmente
melhor não impor tais penitências, porque poderiam gerar apenas frustrações.
A regra de
que a penitência deveria ser realizada antes mesmo de sair da Igreja, aplica-se
especialmente a este tipo de penitências. Se o padre pensa que a habitual
"Ave Maria" e "Pai Nosso" são inadequadas em certos casos
particulares, então poderia impor uma penitência viável mas menos formal. Por
exemplo poderia dizer ao penitente visitar o Santíssimo Sacramento ou um altar
dedicado à Virgem Maria por um determinado período de tempo, e nesta atmosfera
de intimidade, agradecer pelo perdão obtido e pedir ajuda para superar uma
culpa particular.
Esta última
forma de penitência é especialmente útil para aquelas almas que talvez tenham
estado distantes da confissão por muito tempo e que foram movidas por uma graça
especial a buscar novamente o sacramento.
Às vezes a
penitência pode ser em si uma forma de conversão. Há uma anedota que conta a
história de um sacerdote que ouviu um grupo de jovens despreocupados que tinham
feito uma aposta na qual o perdedor deveria se confessar. Sabendo disso, quando
um dos jovens veio para a confissão, o sacerdote sentou-se no confessionário, e
impôs como penitência diante do grande crucifixo da Igreja e repetir 20 vezes:
"Você fez isso por mim, e eu não me importo". No início, o jovem
repetiu essa frase de uma forma confiante, em seguida, começou a repeti-la mais
lentamente, e finalmente terminou em lágrimas. Para este jovem garoto a
confissão foi o início de um caminho de conversão que o levou a se tornar o
arcebispo de Paris.
Tradução
do Italiano por Thácio Siqueira