O progresso implica ascese e mortificação. Após descer a detalhes sobre o preceito maior do amor ao próximo Jesus deixou esta ordem para Seus seguidores: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,38-48). Esta clara determinação do Mestre Divino é um vibrante apelo à fuga de toda e qualquer mediocridade. Cristo está a ensinar que o apelo à santidade é para todo batizado. Muitos são os que julgam que a perfeição cristã está reservada aos grandes místicos como Santa Catarina de Sena, São João da Cruz, o Padre Pio.
Eis aí um ledo erro, pois tal é a vocação de todo aquele que tem fé, dado que Deus já preceituara no Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu sou santo”, como está no Livro do Levítico (cf. Lv 2, 43-45). Jesus veio a esta terra para mostrar como colocar em prática esta solicitação divina.
Os santos realizaram, de maneira excelente, aquilo que todo cristão deve querer ser, se tivesse plena consciência de sua vocação.
Não se trata de viver na estratosfera, num estado de alienação, mas simplesmente estar imbuído de uma disposição sincera de adesão à vontade do Ser Supremo, amando-O e ao próximo como Jesus amou. Amar é preferir. É sacrificar as preferências egoístas para aderir às de Deus e aos legítimos interesses dos irmãos na fé, inclusive amando os inimigos e por eles orando.
Na prece do Pai-Nosso se reza o que nem sempre se coloca em prática: “Seja feita a vossa vontade”. São Paulo decodificou o amor ao semelhante com detalhes magníficos: “A caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não se ufana, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Cor 13,4-7).
A busca da perfeição, assim conceituada, é sem limites, pois o referencial dado por Cristo é a santidade divina: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito”. Ele deu a Seus seguidores um modelo a imitar. Não se deve abaixar as normas de Deus ao nível dos preceitos humanos. A medida à qual se deve aspirar é a imitação do Todo-Poderoso na Sua infinita santidade.
Não há nunca um basta na caminhada do verdadeiro cristão. É claro que cada um alça seus voos para o Alto de acordo com seus próprios carismas e sua atividade específica dentro da sociedade. Enraizado no batismo e na confirmação, cada um deve procurar o Reino de Deus ordenando as coisas temporais em vista da salvação própria e a dos outros. Tudo depende da união vital com Cristo, ou seja, uma sólida espiritualidade nutrida por uma participação ativa na Liturgia e expressa no estilo das oito bem-aventuranças evangélicas.
Na prática cotidiana isso significa a competência profissional, o senso sagrado do espírito familiar e cívico, as virtudes sociais. Além disso, à medida do possível, o engajamento nas diversas pastorais colaborando na difusão do verdadeiro Cristianismo. Nunca se deve esquecer de que, para aqueles que assim amam a Deus, tudo coopera para o bem. A sublime missão de todo batizado é ser predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus para uma multidão de irmãos. Diz São Paulo: “Os que Ele predestinou, Ele também os chamou. Os que Ele chamou, Ele justificou. Os que Ele justificou, ele os glorificou” (Rm 8,28-30). Deste modo, a santidade do povo de Deus se espalha em frutos abundantes como o testemunha com brilho a História da Igreja pela vida de tantos que colocaram seus passos nos passos de Jesus.
A força para o progresso espiritual advém a cada um por meio dos sacramentos que conferem as graças especiais para a vivência plena do Evangelho. O que não se pode, porém, esquecer é que o caminho da perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso implica ascese e mortificação que conduzem gradualmente a viver na paz. A perfeição que Cristo preceitua tem, de fato, que passar pelo Calvário. Os sacrifícios diários no exercício da profissão, as tarefas de todo instante, a convivência com os semelhantes, a luta contra a carne e seus desejos maus e cobiças desregradas, a fuga das ocasiões de pecado, enfim, tudo isso a cada hora sem paciência e muita determinação ninguém consegue se vencer, conviver consigo mesmo e com o próximo.
Animado, contudo, pelo Espírito de Jesus pode o cristão vencer os movimentos desordenados da alma, lutando contra eles. É o que ensina São Paulo: “Os que são de Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo espírito, andemos também no espírito” (Gl 5, 25). É desse modo que o cristão espera a graça da perseverança final e a recompensa de Deus seu Pai pelas boas obras realizadas com Sua graça em comunhão com Jesus. Ao guardar esta regra de vida quem crê, vive na casa da esperança, olhos voltados para a Cidade santa, a Jerusalém celeste. Eis o destino de todo aquele que, viril, corajosa e prontamente busca as veredas da perfeição, as quais nunca se tornam possíveis para os fracos, os pusilânimes, os covardes. Por tudo isso ser santo é ser salvo.
Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
Eis aí um ledo erro, pois tal é a vocação de todo aquele que tem fé, dado que Deus já preceituara no Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu sou santo”, como está no Livro do Levítico (cf. Lv 2, 43-45). Jesus veio a esta terra para mostrar como colocar em prática esta solicitação divina.
Os santos realizaram, de maneira excelente, aquilo que todo cristão deve querer ser, se tivesse plena consciência de sua vocação.
Não se trata de viver na estratosfera, num estado de alienação, mas simplesmente estar imbuído de uma disposição sincera de adesão à vontade do Ser Supremo, amando-O e ao próximo como Jesus amou. Amar é preferir. É sacrificar as preferências egoístas para aderir às de Deus e aos legítimos interesses dos irmãos na fé, inclusive amando os inimigos e por eles orando.
Na prece do Pai-Nosso se reza o que nem sempre se coloca em prática: “Seja feita a vossa vontade”. São Paulo decodificou o amor ao semelhante com detalhes magníficos: “A caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não se ufana, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Cor 13,4-7).
A busca da perfeição, assim conceituada, é sem limites, pois o referencial dado por Cristo é a santidade divina: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito”. Ele deu a Seus seguidores um modelo a imitar. Não se deve abaixar as normas de Deus ao nível dos preceitos humanos. A medida à qual se deve aspirar é a imitação do Todo-Poderoso na Sua infinita santidade.
Não há nunca um basta na caminhada do verdadeiro cristão. É claro que cada um alça seus voos para o Alto de acordo com seus próprios carismas e sua atividade específica dentro da sociedade. Enraizado no batismo e na confirmação, cada um deve procurar o Reino de Deus ordenando as coisas temporais em vista da salvação própria e a dos outros. Tudo depende da união vital com Cristo, ou seja, uma sólida espiritualidade nutrida por uma participação ativa na Liturgia e expressa no estilo das oito bem-aventuranças evangélicas.
Na prática cotidiana isso significa a competência profissional, o senso sagrado do espírito familiar e cívico, as virtudes sociais. Além disso, à medida do possível, o engajamento nas diversas pastorais colaborando na difusão do verdadeiro Cristianismo. Nunca se deve esquecer de que, para aqueles que assim amam a Deus, tudo coopera para o bem. A sublime missão de todo batizado é ser predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus para uma multidão de irmãos. Diz São Paulo: “Os que Ele predestinou, Ele também os chamou. Os que Ele chamou, Ele justificou. Os que Ele justificou, ele os glorificou” (Rm 8,28-30). Deste modo, a santidade do povo de Deus se espalha em frutos abundantes como o testemunha com brilho a História da Igreja pela vida de tantos que colocaram seus passos nos passos de Jesus.
A força para o progresso espiritual advém a cada um por meio dos sacramentos que conferem as graças especiais para a vivência plena do Evangelho. O que não se pode, porém, esquecer é que o caminho da perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso implica ascese e mortificação que conduzem gradualmente a viver na paz. A perfeição que Cristo preceitua tem, de fato, que passar pelo Calvário. Os sacrifícios diários no exercício da profissão, as tarefas de todo instante, a convivência com os semelhantes, a luta contra a carne e seus desejos maus e cobiças desregradas, a fuga das ocasiões de pecado, enfim, tudo isso a cada hora sem paciência e muita determinação ninguém consegue se vencer, conviver consigo mesmo e com o próximo.
Animado, contudo, pelo Espírito de Jesus pode o cristão vencer os movimentos desordenados da alma, lutando contra eles. É o que ensina São Paulo: “Os que são de Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo espírito, andemos também no espírito” (Gl 5, 25). É desse modo que o cristão espera a graça da perseverança final e a recompensa de Deus seu Pai pelas boas obras realizadas com Sua graça em comunhão com Jesus. Ao guardar esta regra de vida quem crê, vive na casa da esperança, olhos voltados para a Cidade santa, a Jerusalém celeste. Eis o destino de todo aquele que, viril, corajosa e prontamente busca as veredas da perfeição, as quais nunca se tornam possíveis para os fracos, os pusilânimes, os covardes. Por tudo isso ser santo é ser salvo.
Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos