Na passagem do iluminismo para a Modernidade o mundo sofreu mudanças na esfera política, econômica e cultural, no entanto a questão sobre Deus permaneceu de pé ao longo deste processo. Mudou-se apenas o enforque. De um mundo que gravitava em torno da questão religiosa, a qual possibilitava uma visão sobre a realidade, e uma autocompreensão sobre o homem a partir da esfera divina, passou-se a uma centralidade no próprio homem, agora este é a medida de todas as coisas.O homem gestou uma nova compreensão sobre o cosmos, sobre Deus, sobre si mesmo. Novos modelos de relacionamentos foram construindo-se. A cultura se expandia com maior rapidez, a globalização de mercado forçou a globalização de informações, e assim nascia a mass media, os meios de comunicação em massa.
À medida que se foi descobrindo a influência que a mídia tinha sobre a sociedade e sobre os indivíduos, a Igreja, a partir do concílio Vaticano II, passou a ver positivamente os meios de comunicação social. Na verdade viu neles a possibilidade do anúncio da Boa Nova da Salvação
O Concílio causou uma verdadeira revolução na Igreja, no seu modo de estar no mundo. Ela agora não se contrapunha a ele e a seus novos inventos, mas é chamada a ser luz no mundo, não a partir de fora do mundo, como Igreja fechada, mas como Igreja aberta ao diálogo franco e enriquecedor com a cultura, com a ciência, com outras manifestações religiosas.
A conferência do CELAM realizada em Aparecida destaca a importância da Internet como poderoso meio de evangelização, “um novo aerópago”, mas e quanto às redes sociais? Sem dúvida elas estão incluídas na Internet, vamos então procurar defini-las e afirmar seu poder evangelizador.
Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes.
Muito embora um dos princípios da rede seja sua abertura e porosidade, por ser uma ligação social, a conexão fundamental entre as pessoas se dá através da identidade. "Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (...) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações."
As redes sociais podem operar em diferentes níveis, como, por exemplo, redes de relacionamentos (facebook, orkut, myspace, twitter), redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades), redes políticas, dentre outras, e permitem analisar a forma como as organizações desenvolvem a sua actividade, como os indivíduos alcançam os seus objectivos ou medir o capital social – o valor que os indivíduos obtêm da rede social.
A Igreja desde o Concílio Vaticano II intuiu a necessidade de estar mais atenta aos processos pelos quais a sociedade passa e assim considera positivamente os meios de comunicação social. Hoje mais especificamente a Internet tem sido objeto de incentivo a todos os fiéis para que façam bom uso dela. As redes sociais constituem um grande arsenal evangelizador conforme “Aparecida nos aponta”, até mesmo os pastores podem ver nelas um canal aberto para o anúcio de Jesus Cristo. O caminho de Emaús (Lc 24, 13-30), hoje é na verdade percorrido pelos caminhos das fibras ópticas, pelo menos no que diz respeito ao anúncio da Palavra. Sem dúvida, o Senhor só é reconheciso ao partir o pão, isto significa dizer, em conformidade com o ensinamento da Igreja, que na vida comunitária, na Eucaristia é que se faz a verdadeira experiência de fé, mas o explicar as Escrituras faz parte da caminhada e nos abre a inteligência da fé para o posterior reconhecimento do Cristo. Afirmamos portanto, que embora o contato pessoal seja imprescindivel para a evangelização, as redes sociais nos predispôe para a vida em comunidade e em muito pode ser um auxilio para uma fé madura e de atitudes.
Pe. Marcondes Meneses
