domingo, 12 de fevereiro de 2012

O que devo fazer para ter a vida eterna?


'Bom Mestre, que farei para alcançar a vida eterna?' (Mc 10,17).

Jesus pára, acolhe aquele jovem, estabelece com ele um diálogo e lhe aponta um caminho. Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: 'uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me'.

A Igreja, como continuadora da missão de Cristo no mundo, é chamada a essa mesma postura de Jesus, frente à juventude: uma Igreja capaz de aproximar-se, acolher, disponível a uma escuta atenta, aberta a um diálogo sincero. Uma Igreja capaz de fixar seu olhar sobre a juventude, amando-a e propondo a pessoa de Jesus como um caminho seguro, capaz de responder aos anseios mais profundos da vida humana e dar um sentido amplo à nossa existência.

Cabe à Igreja abrir-se às interpelações da juventude, oferecer ao jovem uma formação e acompanhamento em todas as etapas do seu caminho espiritual, para que possa fundamentar seu projeto de vida e suas opções, nos valores evangélicos, construindo de forma segura seu discipulado.

João nos recorda, no Evangelho que ouvimos, a grande lição que Jesus deu aos discípulos e que deixou à Igreja, através do gesto simbólico do lava-pés. A Igreja nasce servidora, samaritana, enviada ao mundo para expressar através do serviço, o amor de Deus pela humanidade, manifestado sobretudo em seu filho Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida (Mc 10,45).

A evangelização é o primeiro e grande serviço que a Igreja deve prestar à humanidade de todos os tempos e todas as culturas.

Uma evangelização que se inicia em nossa capacidade de servir, que nos abre ao diálogo, que nos possibilita o anúncio do Evangelho, que nos convida a sermos testemunhas de comunhão.

A evangelização da juventude não se justifica apenas pela preocupação da Igreja, em aumentar os seus membros, ou garantir seu futuro. O empenho da Igreja na evangelização da juventude nasce da consciência da própria Igreja de sua missão evangelizadora, de sua fidelidade ao mandato recebido e pela convicção da riqueza presente na juventude, e que sem ela, a Igreja seria fartamente empobrecida.

A juventude tem algo a dizer à Igreja, e muito a contribuir, a partir daquilo que lhe é peculiar.

Recordamos João Paulo II, que afirmou por ocasião do jubileu, no encontro com a juventude: 'Os jovens revelam-se mais uma vez, para a Igreja, um dom especial do Espírito de Deus'.

Que o Espírito de Deus, que renova todas as coisas, que rejuvenesce a Igreja com seus dons, nos inspire nesta assembléia, para que possamos falar, não apenas sobre os jovens, mas ao coração dos jovens, reafirmando como Igreja nossa opção por eles, abrindo o coração da Igreja para acolher, dialogar, orientar e formar a juventude, ajudando-a em sua busca de felicidade, marcada muitas vezes por ambigüidades, mas sedenta dos valores autênticos e profundos, que tem em Cristo sua plenitude.

Que esta assembléia nos ajude a encontrar um jeito novo de ajudar os nossos jovens a um encontro pessoal com aquele que continua convidando: vem e segue-me. Que este apelo encontre na generosidade dos jovens a abertura para assumirem o discipulado e sua missão no mundo.


Dom José Mauro Pereira Bastos
Bispo de Janaúba-MG


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