quarta-feira, 4 de abril de 2012

A SEMANA SANTA


Na Semana Santa a Igreja celebra os mistérios da salvação, levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pelo seu ingresso messiânico em Jerusalém. O tempo quaresmal continua até à Quinta-feira Santa. A partir da missa vespertina “in Cena Domini” inicia-se o tríduo pascal, que abrange a Sexta-feira Santa “da paixão do Senhor” e o Sábado Santo, e tem o seu centro na vigília pascal, concluindo-se com as vésperas do domingo da ressurreição. “Os dias feriais da Semana Santa, de segunda-feira a quinta-feria inclusive, têm a precedência sobre todas as outras celebrações”. É oportuno que nestes dias não se celebre nem o Batismo nem a Confirmação.

a) Domingo de Ramos

A Semana Santa tem início no Domingo de Ramos da paixão do Senhor, que une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da paixão. Na celebração e na catequese deste dia sejam postos em evidência estes dois aspectos do mistério pascal.

Desde a antiguidade se comemora a entrada do Senhor em Jerusalém com a procissão

Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem.

b) Missa do Crisma

A Missa do Crisma na qual o bispo, concelebrando com o seu presbitério, consagra o santo Crisma e benze os outros óleos, é uma manifestação da comunhão dos presbíteros com o próprio bispo, no único e mesmo sacerdócio e ministério de Cristo.Chamem-se os presbíteros das diversas partes da diocese para participarem nesta missa, concelebrando com o bispo, como testemunhas e cooperadores seus na consagração do Crisma, visto que são os seus cooperadores e conselheiros no ministério quotidiano.

Os fiéis sejam também encarecidamente convidados a participar nesta missa e a receber o sacramento da Eucaristia durante a sua celebração.

Segundo a tradição, a Missa do Crisma é celebrada na Quinta-feira da Semana Santa. Se o clero e o povo encontram dificuldade para se reunir naquele dia com o bispo. Com efeito, o novo Crisma e o novo óleo dos catecúmenos devem ser usados na noite da vigília pascal, para a celebração dos sacramentos da iniciação cristã.

Celebre-se uma única missa, considerada a sua importância na vida da diocese, e a celebração seja feita na igreja catedral.

O acolhimento aos santos óleos pode ser feito em cada uma das paróquias, antes da celebração da missa vespertina “In Cena Domini” ou noutro tempo mais oportuno. Isto poderá ajudar a fazer os fiéis compreenderem o significado do uso dos santos óleos e do Crisma, e da sua eficácia na vida cristã.

c) Celebração penitencial no final da Quaresma

É oportuno que o tempo quaresmal seja concluído, quer para os fiéis individualmente quer para toda a comunidade cristã, com uma celebração penitencial para preparar uma participação mais intensa no mistério pascal. Esta celebração seja feita antes do tríduo pascal e não deve preceder imediatamente a missa vespertina “In Cena Domíni”.

O TRÍDUO PASCAL EM GERAL

A Igreja celebra todos os anos os grandes mistérios da redenção humana, desde a missa vespertina da Quinta-feira “In Cena Domini” até às vésperas do domingo da ressurreição. Este espaço de tempo é justamente chamado o “tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado” e também tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da Páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai. Com a celebração deste mistério a Igreja, por meio dos sinais litúrgicos e sacramentais, associa-se em íntima comunhão com Cristo seu Esposo.

É sagrado o jejum pascal destes dois primeiros dias do tríduo, em que, segundo a tradição primitiva, a Igreja jejua “porque o Esposo lhe é tirado”, Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, em toda a parte o jejum deve ser observado juntamente com a abstinência, e aconselha-se prolongá-lo também no Sábado Santo, de modo que a Igreja, com o espírito aberto e elevado, possa chegar à alegria do Domingo da Ressurreição.

É recomendada a celebração comunitária do oficio da leitura e das laudes matutinas na Sexta-feira da paixão do Senhor, e também no Sábado Santo.

A MISSA “IN CENA DOMINI”

“Com a missa celebrada nas horas vespertinas da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao tríduo pascal e recorda aquela última ceia em que o Senhor Jesus, na noite em que ia ser traído, tendo amado até ao extremo os seus que estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e deu-os aos apóstolos como alimento, e ordenou-lhes, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que fizessem a mesma oferta”.

Toda a atenção da alma deve estar orientada para os mistérios, que sobretudo nesta missa são recordados: a saber, a instituição da Eucaristia, a instituição da Ordem sacerdotal e o mandamento do Senhor sobre a caridade fraterna: tudo isto seja explicado na homilia.

A SEXTA-FEIRA SANTA

Neste dia, em que “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado”, a Igreja, com a meditação da paixão do seu Senhor e Esposo e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo.

A Igreja, seguindo uma antiquíssima tradição, neste dia não celebra a Eucaristia; a sagrada Comunhão é distribuída aos fiéis só durante a celebração da paixão do Senhor;

O SÁBADO SANTO

Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida aos infernos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição. Recomenda-se com insistência a celebração do oficio da leitura e das laudes com a participação do povo (cf. n. 40). Onde isto não é possível, prepare-se uma celebração da palavra ou um pio exercício que corresponda ao mistério deste dia.

O DOMINGO DE PÁSCOA

A) A vigília pascal da noite santa

Segundo uma antiquíssima tradição, esta noite é “em honra do Senhor”, e a vigília que nela se celebra, comemorando a noite santa em que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada como “mãe de todas as santas vigílias”.[80] Nesta vigília, de fato, a Igreja permanece à espera da ressurreição do Senhor e celebra-a com os sacramentos da iniciação cristã.

a) Significado da característica noturna da vigília pascal

“Toda a vigília pascal seja celebrada durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer e sempre termine antes da aurora de domingo”, Esta regra deve ser interpretada estritamente. Qualquer abuso ou costume contrário, às vezes verificado, de se antecipar a hora da celebração da vigília pascal para horas em que, habitualmente, se celebram as missas vespertinas antes dos domingos, deve ser reprovado. As razões apresentadas para antecipar a vigília pascal, como por exemplo a insegurança pública, não se têm em conta no caso da noite de Natal ou de reuniões que se realizam de noite.

A vigília pascal, na qual os judeus esperaram a passagem do Senhor que os libertaria da escravidão do Faraó, foi por eles observada como memorial a ser celebrado todos os anos; era a figura da futura e verdadeira Páscoa de Cristo, isto é, da noite da verdadeira libertação, na qual.. Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor”.

Desde o início a Igreja tem celebrado a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com uma vigília noturna. Com efeito, a ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança, e por meio do Batismo e da Confirmação fomos inseridos no mistério pascal de Cristo: mortos, sepultados e ressuscitados com Ele, com Ele também havemos de reinar.

Esta vigília é também espera da segunda vinda do Senhor.

A estrutura da vigília pascal e a importância dos seus elementos e das suas partes

A vigília tem a seguinte estrutura: depois do lucernário e da proclamação da Páscoa (primeira parte da vigília), a santa Igreja contempla as maravilhas que Deus operou em favor do seu povo desde o início (segunda parte ou liturgia da Palavra), até ao momento em que, com os seus membros regenerados pelo Batismo (terceira parte), é convidada à mesa, preparada pelo Senhor para o seu povo, memorial da sua morte e ressurreição, à espera da sua nova vinda (quarta parte).

Esta estrutura dos ritos por ninguém pode ser mudada arbitrariamente.

A primeira parte compreende ações simbólicas e gestos, que devem ser realizados com tal dignidade e expressividade, de maneira que os fiéis possam verdadeiramente compreender o significado, sugerido pelas advertências e orações litúrgicas.

Na medida em que for possível, prepare-se fora da igreja, em lugar conveniente, o braseiro para a bênção do fogo novo, cuja chama deve ser tal que dissipe as trevas e ilumine a noite.

Prepare-se o círio pascal que, no respeito da veracidade do sinal, “deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder recordar que Cristo é a luz do mundo. A bênção do círio seja feita com os sinais e palavras indicados no Missal ou por outros aprovados pela Conferência Episcopal.[88]

A procissão com que o povo entra na igreja deve ser iluminada unicamente pela luz do círio pascal. Assim como os filhos de Israel eram guiados de noite pela coluna de fogo, assim também os cristãos, por sua vez, seguem a Cristo ressuscitado. Nada impede que, a cada resposta Demos graças a Deus!, se acrescente outra aclamação dirigida a Cristo.

A luz do círio pascal passará, gradualmente, às velas que os fiéis têm em suas mãos, permanecendo ainda apagadas as lâmpadas elétricas.

O diácono faz a proclamação da Páscoa, magnífico poema lírico que apresenta todo o mistério pascal inserido na economia da salvação. Se necessário, ou por falta de diácono ou por impossibilidade do sacerdote celebrante, tal proclamação seja confiada a um cantor. As conferências episcopais podem adaptar convenientemente esta proclamação, introduzindo nela algumas aclamações da assembleia.

As leituras da Sagrada Escritura formam a segunda parte da vigília. Elas descrevem os acontecimentos culminantes da história da salvação, que os fiéis devem poder tranqüilamente meditar por meio do canto do Salmo responsorial, do silêncio e da oração do celebrante.

O renovado Ordo da vigília compreende sete leituras do Antigo Testamento, tomadas dos livros da lei e dos profetas, já utilizadas com frequência nas antigas tradições litúrgicas tanto do Oriente como do Ocidente; e duas leituras do Novo Testamento, tomadas das cartas dos apóstolos e do Evangelho. Desta maneira, a Igreja “começando por Moisés e seguindo pelos profetas”[90], interpreta o mistério pascal de Cristo. Portanto, na medida em que for possível, leiam-se todas as leituras de maneira que se respeite completamente a natureza da vigília pascal, que exige uma certa duração.

Todavia, onde as circunstâncias de natureza pastoral exigem que se reduza ainda o número das leituras, leiam-se ao menos três do Antigo Testamento, a saber, dos livros da lei e dos profetas; nunca se pode omitir a leitura do capítulo 14 do Êxodo, com o seu cântico.

O significado tipológico dos textos do Antigo Testamento tem as suas raízes no Novo, e aparece sobretudo na oração pronunciada pelo celebrante depois de cada uma das leituras; para chamar a atenção dos fiéis, poderá ser também útil uma breve introdução para que compreendam o significado das mesmas. Tal introdução pode ser feita pelo próprio sacerdote celebrante ou pelo diácono. As Comissões litúrgicas nacionais ou diocesanas poderão cuidar da preparação de subsídios oportunos, que sirvam de ajuda aos pastores.

Depois da leitura canta-se o salmo com a resposta do povo. Na repetição destes diversos elementos mantenha-se um ritmo que possa favorecer a participação e a devoção dos fiéis. Evite-se com todo o cuidado que os salmos sejam substituídos por canções populares.

No final das leituras do Antigo Testamento canta-se o Glória a Deus, tocam-se os sinos segundo os usos locais, pronuncia-se a oração e passa-se às leituras do Novo Testamento. Lê-se a exortação do apóstolo sobre o Batismo, entendido como inserção no mistério pascal de Cristo.

Depois, todos se levantam: o sacerdote entoa por três vezes o Aleluia, elevando gradualmente a voz, e o povo repete-o. Se necessário, o sal. mista ou um cantor entoa o Aleluia, que o povo prossegue intercalando a aclamação entre os versículos do Salmo 117, tantas vezes citado pelos apóstolos na pregação pascal.Por fim, com o Evangelho é anunciada a ressurreição do Senhor, como ápice de toda a liturgia da Palavra. Não se deve omitir a homilia, ainda que seja breve.

A terceira parte da vigília é constituída pela liturgia batismal. A Páscoa de Cristo e nossa é agora celebrada no sacramento. Isto pode ser expresso de maneira mais completa nas igrejas que têm a fonte batismal, e sobretudo quando tem lugar a iniciação cristã dos adultos ou, pelo menos, o batismo de crianças. Mesmo que não haja a cerimônia do Batismo, nas igrejas paroquiais deve-se fazer a bênção da água batismal. Quando esta bênção não é feita na fonte batismal mas no presbitério, num segundo momento a água batismal seja levada ao batistério, onde será conservada durante todo o tempo pascal. Onde não haja a cerimônia do Batismo nem se deva benzer a água batismal, a memória do Batismo é feita na bênção da água que depois servirá para aspergir o povo.

Em seguida tem lugar a renovação das promessas batismais, introduzida com uma palavra do celebrante. Os fiéis, de pé e com as velas acesas na mão, respondem às interrogações.

Depois eles são aspergidos com a água: desse modo, gestos e palavras recordam-lhes o Batismo recebido. O sacerdote celebrante asperge o povo passando pela nave da igreja, enquanto todos cantam a antífona Vidi aquam ou outro cântico de caráter batismal.

A celebração da Eucaristia forma a quarta parte da vigília e o seu ápice, sendo de modo pleno o sacramento da Páscoa, ou seja, memorial do sacrifício da cruz e presença de Cristo ressuscitado, consumação da iniciação cristã e antegozo da Páscoa eterna.

Recomenda-se não celebrar apressadamente a liturgia eucarística; é muito conveniente que todos os ritos e as palavras que os acompanham alcancem toda a sua força expressiva: a oração universal, mediante a qual os neófitos participam pela primeira vez como fiéis e exercem o seu sacerdócio real; a procissão do ofertório, com a participação dos neófitos, se estiverem presentes; a oração eucarística primeira, segunda ou terceira, possivelmente cantada, com os seus embolismos próprios; a comunhão eucarística, que é o momento da plena participação no mistério celebrado. Durante a Comunhão é oportuno’ cantar o Salmo 117, com a antífona Cristo, nossa Páscoa, ou o Salmo 33, com a antífona Aleluia, Aleluia, Aleluia, ou outro cântico de júbilo pascal.

É muito desejável que na comunhão da vigília pascal se alcance a plenitude do sinal eucarístico, recebido sob as espécies do pão e do vinho. O ordinário do lugar julgue

O TEMPO PASCAL

A celebração da Páscoa continua durante o tempo pascal. Os cinqüenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes são celebrados com alegria como um só dia festivo, antes como “o grande domingo”.

Os domingos deste tempo devem ser considerados como “domingos de Páscoa” e têm precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer solenidade. As solenidades que coincidem com estes domingos são celebradas no sábado anterior. As festas em honra da bem-aventurada Virgem Maria ou dos santos, que ocorrem durante a semana, não podem ser transferidas para estes domingos.

participação popular que as mesmas celebrações litúrgicas; tais costumes não devem ser desprezados, e podem muitas vezes manifestar a mentalidade religiosa dos fiéis. Por isso, as conferências episcopais e os ordinários do lugar cuidem de que estes costumes, que podem favorecer a piedade, possam ser ordenados do melhor modo possível com a liturgia, estejam impregnados do seu espírito e a ela conduzam o povo de Deus.

O domingo de Pentecostes conclui este sagrado período de cinqüenta dias, quando se comemora o dom do Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, os primórdios da Igreja e o início da sua missão a todos os povos, raças e nações. Recomenda-se a celebração prolongada da missa da vigília, que não tem um caráter batismal como a vigília da Páscoa, mas de oração intensa segundo o exemplo dos apóstolos e discípulos, que perseveravam unânimes em oração juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, esperando a vinda do Espírito Santo.