terça-feira, 12 de junho de 2012

Rogai por nós!




Cooperação é palavra constante nos documentos católicos em referência ao papel de Maria na salvação feita por Jesus. Por que a intercessão perene de Maria na história da Igreja, no culto litúrgico e nas devoções populares?  Podemos dizer que Maria é cooperadora da nossa salvação em Cristo e por Cristo? Como e até onde? Aí estão algumas das muitas questões sempre desafiadoras à reflexão cristã.

Em Aparecida/SP, os Congressos marianos acontecem como uma das tarefas específicas da Academia Marial do Santuário Nacional. A Academia existe há 26 anos. Presidida pelo arcebispo de Aparecida, hoje o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, ela quer ser um centro de estudos, reflexões e pesquisas da Mariologia. Ou seja, da teologia mariana como um saber específico do pensamento cristão na Igreja e na História. 

Este saber tem ressonâncias na evangelização, no culto oficial litúrgico e nas devoções populares como as romarias aos santuários. Ora, desde a mais tenra idade os católicos aprenderam a recorrer a Maria dizendo: Ave Maria!…Rogai por nós, pecadores. Salve Rainha! A vós bradamos… Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei… Rogai por nós, Santa Mãe de Deus! 20 séculos de prática cristã nos louvores a Maria, invocada como a Mãe de Deus (Theotókos) fizeram brilhar a sua figura como primeira discípula, ícone da Igreja, mulher exemplar da fé. Mas, os fiéis e devotos alcançarão venerá-la e imitá-la de modo correto no discipulado se forem guiados pelos fundamentos bíblicos e por uma sólida doutrina cristã.    

É necessário contemplar profundamente a presença da Virgem no mistério da salvação. Perceber o lugar da mãe de Jesus e seu papel em relação à Igreja, não parar num mero sentimentalismo estéril, mas acompanhá-la na peregrinação da fé em humilde submissão ao primado da Palavra! Eis os passos imperativos para quem deseja cultivar uma verdadeira devoção à mãe de Jesus e nossa. Avançar no conhecimento e na vivência da espiritualidade mariana é motivação e é uma consequência de estudos e debates em palestras e Congressos. Por outro lado, muitas denominações cristãs recusaram-se até hoje a reconhecer e aceitar o culto católico a Maria. Esse fato não impede – ao contrário – provoca a união das igrejas verdadeiramente cristãs. Deve-se manter o diálogo aberto ao ecumenismo como elemento incontornável na busca da unidade tão desejada pelo Senhor. É possível invocar “rogai por nós, Mãe de Deus” construindo não a simples conciliação nas divergências e sim a mútua acolhida na busca da verdade.

Portanto, o Congresso Mariológico ofereceu nas reflexões, nas abordagens dinâmicas e nos questionamentos dos participantes subsídios úteis, atuais e esclarecedores sobre a doutrina da intercessão mariana.  Os palestrantes e debatedores são pessoas especializadas na teologia, professores universitários, solicitados por uma agenda recheada de compromissos pelo Brasil. São também mariólogos, isto é, no seu afã de saber teológico, bíblico, moral, não dispensam a intercessão de Maria no caminho da fé em Jesus Cristo. Eles e elas ensinam por seu saber e aprendem por seu trabalho. Desta feita, em contato com peregrinos que transitam pelo Santuário Nacional de Aparecida. 

A partir do Santuário Nacional a devoção mariana alia-se à reflexão teológica sobre o papel de Maria na obra redentora de seu Filho Jesus. Assim, o Santuário não é só meta de romarias e promessas, mas tem grande relevância pastoral para todo o Brasil. Ele é cátedra do anúncio da Palavra e praça forte de evangelização. Há uma força espiritual que emana do povo reunido em preces na casa da Mãe Aparecida, lugar privilegiado da experiência do sagrado, do toque de Deus, ainda mais nesses tempos tão difíceis para a vivência da fé e dos valores evangélicos. Se Maria foi indispensável para Deus realizar seu projeto de salvação em Cristo, ela o é até a volta gloriosa do Filho.

Maria não esteve somente lá nas Bodas de Caná pedindo a intervenção de Jesus a favor dos noivos constrangidos pela falta de vinho para os convidados. Ela está conosco repetindo com solicitude e carinho: “Fazei tudo o que Ele disser”! Se procurarmos cultivar em relação a ela uma ligação consciente e não um mero devocionismo, provaremos o sabor do vinho novo dado pelo noivo Jesus à Igreja, sua esposa. (Apocalipse, 22,17) 

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR