Cooperação é palavra constante nos
documentos católicos em referência ao papel de Maria na salvação feita por
Jesus. Por que a intercessão perene de Maria na história da Igreja, no culto
litúrgico e nas devoções populares? Podemos dizer que Maria é cooperadora
da nossa salvação em Cristo e por Cristo? Como e até onde? Aí estão algumas das
muitas questões sempre desafiadoras à reflexão cristã.
Em Aparecida/SP, os Congressos
marianos acontecem como uma das tarefas específicas da Academia Marial do
Santuário Nacional. A Academia existe há 26 anos. Presidida pelo arcebispo de
Aparecida, hoje o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, ela quer ser um centro de
estudos, reflexões e pesquisas da Mariologia. Ou seja, da teologia mariana como
um saber específico do pensamento cristão na Igreja e na História.
Este saber
tem ressonâncias na evangelização, no culto oficial litúrgico e nas devoções
populares como as romarias aos santuários. Ora, desde a mais tenra idade os católicos aprenderam a
recorrer a Maria dizendo: Ave Maria!…Rogai por nós, pecadores. Salve Rainha! A
vós bradamos… Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei… Rogai por nós, Santa Mãe de Deus!
20 séculos de prática cristã nos louvores a Maria,
invocada como a Mãe de Deus (Theotókos) fizeram brilhar a sua figura como
primeira discípula, ícone da Igreja, mulher exemplar da fé. Mas, os fiéis e
devotos alcançarão venerá-la e imitá-la de modo correto no discipulado se forem
guiados pelos fundamentos bíblicos e por uma sólida doutrina cristã.
É necessário contemplar
profundamente a presença da Virgem no mistério da salvação. Perceber o lugar da
mãe de Jesus e seu papel em relação à Igreja, não parar num mero
sentimentalismo estéril, mas acompanhá-la na peregrinação da fé em humilde
submissão ao primado da Palavra! Eis os passos imperativos para quem deseja
cultivar uma verdadeira devoção à mãe de Jesus e nossa. Avançar no conhecimento
e na vivência da espiritualidade mariana é motivação e é uma consequência de
estudos e debates em palestras e Congressos. Por outro lado, muitas
denominações cristãs recusaram-se até hoje a reconhecer e aceitar o culto
católico a Maria. Esse fato não impede – ao contrário – provoca a união das
igrejas verdadeiramente cristãs. Deve-se manter o diálogo aberto ao ecumenismo
como elemento incontornável na busca da unidade tão desejada pelo Senhor. É
possível invocar “rogai por nós, Mãe de Deus” construindo não a simples
conciliação nas divergências e sim a mútua acolhida na busca da verdade.
Portanto, o Congresso Mariológico
ofereceu nas reflexões, nas abordagens dinâmicas e nos questionamentos dos participantes
subsídios úteis, atuais e esclarecedores sobre a doutrina da intercessão
mariana. Os palestrantes e debatedores são pessoas especializadas na
teologia, professores universitários, solicitados por uma agenda recheada de
compromissos pelo Brasil. São também mariólogos, isto é, no seu afã de saber
teológico, bíblico, moral, não dispensam a intercessão de Maria no caminho da
fé em Jesus Cristo. Eles e elas ensinam por seu saber e aprendem por seu
trabalho. Desta feita, em contato com peregrinos que transitam pelo Santuário
Nacional de Aparecida.
A partir do Santuário Nacional a
devoção mariana alia-se à reflexão teológica sobre o papel de Maria na obra
redentora de seu Filho Jesus. Assim, o Santuário não é só meta de romarias e
promessas, mas tem grande relevância pastoral para todo o Brasil. Ele é cátedra
do anúncio da Palavra e praça forte de evangelização. Há uma força espiritual
que emana do povo reunido em preces na casa da Mãe Aparecida, lugar
privilegiado da experiência do sagrado, do toque de Deus, ainda mais nesses
tempos tão difíceis para a vivência da fé e dos valores evangélicos. Se Maria
foi indispensável para Deus realizar seu projeto de salvação em Cristo, ela o é
até a volta gloriosa do Filho.
Maria não esteve somente lá nas
Bodas de Caná pedindo a intervenção de Jesus a favor dos noivos constrangidos
pela falta de vinho para os convidados. Ela está conosco repetindo com
solicitude e carinho: “Fazei tudo o que Ele disser”! Se procurarmos cultivar em
relação a ela uma ligação consciente e não um mero devocionismo, provaremos o
sabor do vinho novo dado pelo noivo
Jesus à Igreja, sua esposa. (Apocalipse, 22,17)
Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR