quarta-feira, 11 de julho de 2012

Paternidade e Maternidade responsável



A família está, no coração da Igreja, como uma de



A família verdadeiramente cristã busca viver intensamente os preceitos evangélicos e a doutrina da Igreja. Por isso, quando a Igreja propõe a paternidade e maternidade responsável não está impondo uma nova lei, ou algo arbitrário. Está na linha do que lhe é próprio e devido, como ideal inerente à vocação familiar.

É o plano de Deus e está na ordem natural a realização humana. Mas, o que se vê nos dias de hoje é uma espécie de inversão dessa ordem e um afastamento desse desejo de Deus. Parece que existe, especialmente nos jovens, um temor em assumir as responsabilidades do matrimônio, um medo ou uma insegurança quanto ao futuro. O matrimônio parece assustar.

Logicamente há causas fáceis a serem determinadas: a instabilidade econômica, a dificuldade em se conseguir emprego estável, desarmonia familiar e tantas outras. Chega-se a duvidar do amor, a questionar a vida, a desacreditar da liberdade. De onde vem esse estado de coisas?

De uns tempos para cá, o número de separações tem aumentado e cada vez mais os jovens preferem experiências sexuais temporárias, provisórias a relacionamentos efetivos. Nem mesmo ao namoro estão dispostos, preferindo “ficar”, o que é pior. Por não se ter perspectiva de futuro, nem o presente é valorizado. Como conseqüência muitas vezes ainda mais terrível, sobrevém uma gravidez indesejada que acaba sendo interrompida por abortamento. Onde estaria a solução? Qual o caminho certo?

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente, que a vida familiar faz parte do Plano de Deus.

O Papa nos exorta a construir a base da Humanidade e da Igreja sobre a família (João Paulo II, Familiaris Consortio – conclusão). Por isso, é preciso lutar pela família não apenas enquanto realidade social, mas como Plano de Deus e considerar suas conseqüências, como: visão clara de Igreja, aceitação de suas exigências morais e espirituais. Isto se realiza com séria preparação para a vida familiar, visão exata da sexualidade, fecundidade, aceitação livre e consciente dos filhos como “o dom mais excelente do Matrimônio” (Gaudium et Spes, nº 50; Humanae Vitae, nº9), a educação dos mesmos e o acompanhamento nas diversas etapas da vida.

A busca de uma paternidade e maternidade responsável, é um processo lento e gradativo e deve acompanhar os jovens mediante catequese adequada que favoreça o crescimento em idade e conhecimento do mundo e da realidade. No momento decisivo de preparação imediata para o Matrimônio, essa responsabilidade receberá grande impulso. Aos jovens que buscam, com sinceridade, essa preparação, a Igreja está sempre pronta a oferecer ajuda. A paternidade e maternidade responsável liberta decidida e definitivamente o jovem casal de toda insegurança, perplexidade, medo, permissividade, amor livre. Liberta para o amor, pois revela todo o valor, o preço da pessoa humana em si mesma e no seu relacionamento “familiar”.

Com essa visão de fé, será bem mais fácil superar as dificuldades, as limitações, enfrentar corajosamente as pressões sociais. Uma vida a dois e a bênção dos filhos é sinal da grande responsabilidade, dada por Deus. Porém, Ele mesmo fortalece o casal cristão com as virtudes necessárias para viver o dever de estado. Isto, mediante o Sacramento do Matrimônio.

Não cabe, portanto, num lar cristão – antes de tudo – pensamentos de “controle de natalidade”, “programa de planejamento familiar” e outros pseudovalores e contravalores. Para enfrentar esse tipo de mentalidade, a Igreja propõe a valorização da pessoa humana em todas as suas possibilidades, através da paternidade e maternidade responsáveis.

Diz a Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira (citação de nosso livro: “Preparação para o Casamento e para a Vida Familiar”, já em sua oitava edição): “Não podemos falar de paternidade responsável, no sentido restrito e amplo da palavra, tomando por base valores transitórios. O valor da criatura gerada não pode estar subordinado a restrições e distorções do ambiente social ou submetido a uma lei contingente. A única analise possível é pela Fé. De nada servem outros raciocínios. O homem deve ser homem em absoluto e basta”. (cf. p. 68).

O Papa Paulo VI, em sua Encíclica Humanae Vitae, falava aos casais cristãos nestes termos: “Foi a eles (aos casais cristãos) que o Senhor confiou a missão de tornarem visível aos homens a santidade e a suavidade da lei que une o amor mútuo dos esposos com a sua cooperação com o amor de Deus, autor da vida humana. Não pretendemos, evidentemente, esconder as dificuldades, por vezes graves, inerentes à vida dos cônjuges cristãos: para eles, como para todos, de resto, “é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida” (Mt 7,14; Hb 12,11). Mas, a esperança dessa vida, precisamente, deve iluminar o seu caminho, enquanto eles corajosamente se esforçam por “viver com sabedoria, justiça e piedade no tempo presente” (Tt 2,12), sabendo que “a figura desse mundo passa” (1 Cor 7,31).

Que Deus nos conceda, cada vez mais, famílias bem estruturadas, jovens ardorosos e cheios de grandes ideais e sonhos, jovens que se entusiasmem pelo Evangelho da vida, pelos valores da “Comunidade de amor e vida”, qual exemplo do amor de Cristo pela sua santa Igreja! A Pastoral Familiar entrará em cena como grande auxiliar para jovens nubentes, jovens neo-casados e para casais adentrados em sua vida e experiência familiar.

D Eusébio Oscar Scheid-Arcebispo do Rio de Janeiro