terça-feira, 18 de setembro de 2012

No coração das Massas





Jamais, na história do cristianismo, tivemos tantos meios para chegar às pessoas. Hoje, ouvimos falar de encontros cristãos católicos ou de outras denominações cristãs que reúnem multidões impressionantes. Os cristãos do Brasil estão ocupando lugares nas mais diferentes mídias que se têm à disposição em nossos tempos e isso é muito bom. 

Mas o mundo está mais cristão? Os ensinamentos de Jesus Cristo estão sendo conhecidos e vividos de verdade? Lembremos que o Senhor, ao enviar os seus discípulos, ordenou-lhes que ensinassem os povos a observar tudo o que Ele lhes havia lhes  dito: amor a Deus e ao próximo, perdão, pobreza, mansidão, simplicidade, renuncia, doação de vida ... Nada pode ser omitido. A esse respeito Bento XVI nos advertiu: a mensagem evangélica não  pode ser “selecionada” para dar audiência, ser popular.

“Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua “popularidade” ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la a conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez a mitigando. ”

Como é fácil encontrar pessoas que recebem o Anúncio, até se emocionam, gostam das músicas cristãs, mas não estão dispostas a viver as renúncias da fé.  Como temos lidado com isso? Estamos criando mecanismos para formar as pessoas na reta doutrina, para “aprofundar, consolidar, alimentar e tornar cada dia mais amadurecida a fé daqueles que se dizem já fiéis ou crentes, afim de que o sejam cada vez mais”?

Se temos tido contato com multidões e elas, ao saírem de nossa presença, continuam relativistas, selecionando os aspectos da fé que mais lhes agradam, se levam uma vida sem considerar os Mandamentos, se ignoram os ensinamentos de Cristo e de Sua Igreja, precisamos pensar seriamente a respeito.

Aqui entra o papel do pastoreio, como um esforço para que as ovelhas fiquem no aprisco, protegidas dos tantos lobos que as cercam. O pastoreio insere a pessoa em uma nova cultura; em nossa linguagem habitual: na Cultura de Pentecostes. É preciso despertar nelas a consciência de que fazem parte deste povo singular.  Que desejem ir para a Igreja, ao Grupo de Oração, porque sabem o que significa fazer parte do Corpo do Senhor. E que elas próprias possam ser também propagadoras da Mensagem.

Para que isso aconteça, é preciso cuidar, amar, ouvir, ensinar, formar. É preciso ter paciência, também, porque essa mudança geralmente requer dedicação perseverante. É missão nossa trabalhar para que grupos sem identidade, sem forma, sejam transformados em Povo Deus.

Povo esse que se manifestou ao mundo no dia de Pentecostes e mudou o rumo dos acontecimentos da humanidade.  Aqueles homens e mulheres da primeira hora do cristianismo encararam os desafios de seu tempo com coragem. Quando necessário derramaram o próprio sangue, que foi “semente de novos cristãos”. Eis uma história verdadeira e bonita, que mostra qual deve ser a postura do povo que leva o nome do Altíssimo.

História cara a todos nós que nos sentimos chamados a ser “rosto e memória” de Pentecostes. Certamente conhecê-la melhor nos fará perceber por que temos de lutar “pelo nosso povo e nossa religião” (Mac 3, 43)