sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Maria Santíssima e a Eucaristia





“Desejamos falar  ao Coração do Filho por meio do Coração da Mãe. Que pode haver de mais belo do que o colóquio destes dois corações? Queremos tomar parte nele.” Assim se expressava o Servo de Deus Papa João Paulo II, na oração do Ângelus de 21-7-85. Nesta expressão encontramos a razão profunda da união da nossa oração a Maria Santíssima, nossa Mãe, para chegarmos ao Coração do Filho e d’Este, pelo Coração da Mãe, até nós.
 
Para aqueles que querem afastar a devoção eucarística da devoção a Virgem Maria, como se pudéssemos separar o amor da Mãe e do Filho, o Papa Bento XVI deixa bem claro esta ideia sobre a relação intrínseca dos dois corações santíssimos: (…) Em Maria “encontramos realizada, na forma mais perfeita, a essência da Igreja. Esta vê em Maria a Mulher eucarística – como a designou o servo de Deus João Paulo II – (…) e contempla-A como modelo insubstituível de vida eucarística”. O Papa Exorta-nos ainda, a exemplo de Maria, a fazer da nossa vida uma “oferta agradável ao Pai”, aprendendo com Ela “a tornar-nos pessoas eucarísticas e eclesiais”.

Nesta relação da devoção eucarística com Maria Santíssima, São Pedro Julião Eymard acentua que "a melhor preparação para a santa Comunhão é a que se faz em Maria.” O mesmo santo afirma que depois da ascensão de Jesus ao céu, a Bem-aventurada Virgem “vivia no Santíssimo Sacramento, vivia dele.” E São Pio de Pietrelcina admoesta-nos à adoração eucarística, a exemplo de Maria, dizendo: “Não vedes Nossa Senhora sempre ao lado do Sacrário?”; também S. Maximiliano Maria Kolbe  recomenda que indo a Jesus Eucarístico, não se deixe de lembrar a presença de Maria, chamando-A  e unindo-se a Ela e, pelo menos, fazendo que pela nossa mente passe o Seu suave nome. A alguém que perguntava a Santa Bernardete Soubirous se ela gostava mais de receber a sagrada comunhão ou de ver Nossa Senhora na gruta, ela respondeu: “Que pergunta tão esquisita! São duas coisas que não se podem separar. Jesus e Maria estão sempre juntos!”.

É nosso entender que sem devoção e amor a Maria Imaculada e sem a devoção, amor e adoração ao Santíssimo Sacramento não há Igreja Católica. Esta seria um edifício sem alma destinado à ruína. Santo Alberto Magno ilustra bem a necessidade de não deixarmos cair esta atitude de verdadeira piedade cristã católica, ao afirmar que “A Eucaristia cria impulsos de amor angélico e tem a singular eficácia de inocular nas almas um singular instinto de ternura para com a Rainha dos Anjos. Ela nos deu a carne de Sua carne, os ossos de seus ossos, e continua a dar-nos na Eucaristia este doce e virginal manjar celeste.” O P. Stefano Manneli, FI, chama mesmo a Jesus Eucaristia, “o Pão da Mãezinha” e acentua que “Maria Santíssima está toda em Jesus.” E o Santo Cura d’Ars dizia que Nossa Senhora está sempre “entre o Seu Filho e nós”.
Também São João Bosco ensinava “que já não é o sacerdote, mas, sim, a própria Nossa Senhora que vem dar-nos a Hóstia Santa.” E São Pedro Julião Eymard diz-nos que assim como a Imaculada Conceição foi a preparação para a Primeira Comunhão de Nossa Senhora, isto é, para a Encarnação do Verbo, assim também continua a ser a preparação para todas as Santas Comunhões, contanto que nos voltemos para Ela e lhe peçamos que “nos cubra com o manto da Sua pureza, e nos revista da brancura e do esplendor da Sua Imaculada Conceição.” Santa Gema Galgani exclamava: “Como é bela a Comunhão feita com Nossa Senhora!” Ou São Boaventura: “Cada sacerdote no Altar deveria identificar-se inteiramente com Nossa Senhora, porque, como por meio dela é que nos foi dado Jesus Eucaristia, assim é pelas mãos dela que Ele deve ser oferecido a nós.” No mesmo sentido, São Francisco de Assis falava da estreita proximidade que há entre a encarnação do Verbo no seio de Maria e a consagração eucarística entre as mãos dos sacerdotes.

O Papa João Paulo II realça este grande mistério de união dos corações da Mãe e do Filho ao afirmar: “Para a Virgem Maria, o receber a Eucaristia quase que devia significar o acolher de novo no Seu ventre aquele Coração que batera em uníssono com o Seu e reviver o que tinha pessoalmente experimentado junto à Cruz… E assim aquilo que Cristo fez para Sua Mãe fá-lo agora, também, em nosso favor” de modo que “viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom – testamento da Cruz; significa levar conosco – a exemplo de João – aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe.” Este santo Servo de Deus chegou mesmo a apelar ao “Rosário Mundial” pela paz junto do Santíssimo Sacramento.
O Padre Marie-Michel destaca que “é na vida mariana e eucarística que se vai realizar a santidade do Terceiro Milênio (…). “O mais importante será sempre a santidade” que consiste em  acolher o dom de Deus colocando o nosso ‘sim’ no da Virgem.” Referindo-se à presença de Maria Imaculada entre os apóstolos, D. André-Mutien frisa que a Igreja apostólica só dará fruto se for mariana”; e acrescenta: “Apesar da importância do ministério de Pedro, Maria é mais decisiva do que ele para o futuro da Igreja… quase ninguém sabe quem era o Bispo de Teresa do Menino Jesus mas milhões dos nossos contemporâneos foram tocados pela graça da santa de Lisieux.”
Concluímos esta reflexão com estas eloquentes palavras de D. José Policarpo (22-05-08): “Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja pode estar sempre presente na nossa adoração, não contrapondo ao encontro com Jesus Cristo a nossa devoção a Maria, mas porque ela foi e continua a ser a grande adoradora. Os seus silêncios, com que guardava tudo no seu coração, guardam também esse seu segredo: a sua experiência de adoração. Quando O trouxe no seu seio, sobretudo naqueles meses em que ninguém sabia, só ela e Deus; quando O contemplou em Belém, como qualquer mãe contempla embevecida o seu Filho recém-nascido; no Calvário, ao mergulhar confiante no drama da redenção; quando, reunida com os Apóstolos, esperou a vinda do Espírito Santo; e elevada à Glória, continua a adorá-l’O, a Ele que é o seu Filho, por Quem também ela foi até ao Pai. Maria Santíssima adora sempre, adora de uma maneira perfeita, está sempre com quem adora, devemos orar sempre com ela.”