Maria Santíssima vai apressadamente às montanhas de Judá, à casa de sua
prima Isabel (cf. Lc 1,39). A fé a coloca a caminho, em movimento. Dirige-se à
casa de sua parenta para servi-la; louva e rejubila-se em Deus e proclama que todas
as gerações a chamarão bem-aventuradas (cf. Lc 1,46-55).
Ela percebe-se exaltada por Deus, na fé; e como resposta, proclama,
celebra, e comunica a fé. Num canto transbordante de alegria, anuncia a
felicidade a todos os que, como ela, são pequenos e se deixam surpreender pela
boa notícia de Deus.
O Magnificat,
cântico da salvação, é expressão da espiritualidade de Maria radicada na grande
expectativa de Israel. Filha de Sião, Maria vive a fé na escuta do Deus vivo
(Schemà Israel” = “Escuta Israel” (Dt 6,4). A Virgem Maria se torna porta-voz da esperança
messiânica. Seu cântico é o cântico dos pobres.
Deus assume o partido dos
pobres e subverte a lógica humana: “derruba do trono os poderosos e eleva os
humildes; aos famintos enche de bens e despede os ricos de mãos vazias” (Lc
1,52-53).
O Magnificat (cf.
Lc 1,46-55) expressa as quatro dimensões da alegria que, na simbologia dos
quatro pontos cardiais, lembra que a alegria messiânica é destinada a todos.
- A alegria de existir,
como resposta ao dom de Deus, conscientes de que nada somos, e certos de que
somos amados por Deus e alcançados pelo seu olhar criador e providente: Seu
amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem (cf. Lc 1,50).
- Alegria messiânica, que exulta pela vinda do Filho
eterno, no seio virginal de Maria Imaculada. É a alegria anunciada pelos pastores, no
Natal: “Não temais, eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o
povo: hoje, na cidade de Davi nasceu um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc
1,20).
- A alegria do serviço, que se revela na dedicação ao próximo,
como fez Nossa Senhora em relação à sua prima Isabel, e que alcança sua plenitude no
mistério do Sábado Santo e da Páscoa de Jesus.
- Alegria escatológica, que traz para o presente o amanhã da
promessa de Deus, subvertendo a lógica do mundo: “A minha alma engrandece o
Senhor e exulta meu espírito em Deus meu salvador, porque olhou para a
humildade de sua serva... (Lc 1,46-48).
A vida religiosa situa-se na continuidade das expectativas
messiânicas e o cântico do Magnificat
condensa o espírito, novo e profético, com que todo o religioso é chamado
a viver sua vocação.
Irmã Vera Ivanise
Bombonatto, fsp