sábado, 29 de dezembro de 2012

Maria Santíssima: Porta-voz da esperança messiânica



            


Maria Santíssima vai apressadamente às montanhas de Judá, à casa de sua prima Isabel (cf. Lc 1,39). A fé a coloca a caminho, em movimento. Dirige-se à casa de sua parenta para servi-la; louva e rejubila-se em Deus e proclama que todas as gerações a chamarão bem-aventuradas (cf. Lc 1,46-55).

Ela percebe-se exaltada por Deus, na fé; e como resposta, proclama, celebra, e comunica a fé. Num canto transbordante de alegria, anuncia a felicidade a todos os que, como ela, são pequenos e se deixam surpreender pela boa notícia de Deus.

O Magnificat, cântico da salvação, é expressão da espiritualidade de Maria radicada na grande expectativa de Israel. Filha de Sião, Maria vive a fé na escuta do Deus vivo (Schemà Israel” = “Escuta Israel” (Dt 6,4). A Virgem Maria se torna porta-voz da esperança messiânica. Seu cântico é o cântico dos pobres.

 Deus assume o partido dos pobres e subverte a lógica humana: “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens e despede os ricos de mãos vazias” (Lc 1,52-53).

O Magnificat (cf. Lc 1,46-55) expressa as quatro dimensões da alegria que, na simbologia dos quatro pontos cardiais, lembra que a alegria messiânica é destinada a todos.

- A alegria de existir, como resposta ao dom de Deus, conscientes de que nada somos, e certos de que somos amados por Deus e alcançados pelo seu olhar criador e providente: Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem (cf. Lc 1,50).

- Alegria messiânica, que exulta pela vinda do Filho eterno, no seio virginal de Maria Imaculada. É a alegria anunciada pelos pastores, no Natal: “Não temais, eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi nasceu um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 1,20).

- A alegria do serviço, que se revela na dedicação ao próximo, como fez Nossa Senhora em relação à sua prima Isabel, e que alcança sua plenitude no mistério do Sábado Santo e da Páscoa de Jesus.

- Alegria escatológica, que traz para o presente o amanhã da promessa de Deus, subvertendo a lógica do mundo: “A minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus meu salvador, porque olhou para a humildade de sua serva... (Lc 1,46-48).

A vida religiosa situa-se na continuidade das expectativas messiânicas e o cântico do Magnificat condensa o espírito, novo e profético, com que todo o religioso é chamado a viver sua vocação.



Irmã Vera Ivanise Bombonatto, fsp