A Igreja, através da sua Liturgia, celebrou
o Advento, que é um período de quatro semanas, cuja finalidade é preparar a
comunidade cristã para viver a mística e a comemoração do nascimento de Jesus
Cristo, o Filho de Deus e nosso Salvador.
Neste tempo, “nós cristãos fomos
chamados a tomar consciência da nossa dignidade” (São Leão Magno, Papa, séc.
V). E esta consiste no fato de que Deus nos deu uma prova de amor: “Sermos
chamados filhos de Deus. E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não
o conheceu” (cf. 1Jo 3,1). Mas só somos filhos no Filho, graças à encarnação de
Jesus, nascido de uma mulher, na plenitude do tempo (cf. Gl 4,4-7). A salvação
de Deus abarca todos os tempos e lugares. Por isso que, a experiência do
nascimento de Jesus Cristo na mente e coração de cada cristão vai além do dia
25 de Dezembro. Nós cristãos devemos lembrar antes de tudo que o Natal é
momento de saber com quem precisamos estar e o que podemos ter pela encarnação
da Palavra de Deus, em nossas humanidades (cf. Jo 1,14).
Na modernidade, depois da Revolução Industrial (séc. XIX) e mais radicalmente na Posmodernidade com indústria da cultura alimentada principalmente pelos meios de comunicação, o sagrado também está sendo meio de instrumentalização do transcendente, agora visto como transcendental. E aqui há uma sutil, porém, fundamental diferença que possibilita a interpretação do fenômeno do consumismo que escraviza as pessoas de modo silencioso e objetual.
Na modernidade, depois da Revolução Industrial (séc. XIX) e mais radicalmente na Posmodernidade com indústria da cultura alimentada principalmente pelos meios de comunicação, o sagrado também está sendo meio de instrumentalização do transcendente, agora visto como transcendental. E aqui há uma sutil, porém, fundamental diferença que possibilita a interpretação do fenômeno do consumismo que escraviza as pessoas de modo silencioso e objetual.
Enquanto que no período
clássico o transcendente tinha seus fundamentos na realidade, na reviravolta da
modernidade o conteúdo para a estruturação do conhecimento e do ser ficou por
conta do sujeito. E eis a inquietação que precisa ser respondida: Quem vai ser
o sujeito de quem? O mercado, que é esta mão invisível (Adam Smith), mediante
seus muitos suportes econômicos, soube e continua sabendo, como utilizar e
direcionar às pessoas para o objeto que não satisfaz e nunca satisfará, pois o
transcendental não pode ter objeto, e assim ditar as liberdades individuais e
coletivas que com suas vontades de poder eclipsam as verdadeiras
potencialidades do ser. O consumismo é um dos sinais mais contundentes do
fracasso da falaciosa felicidade do homem posmoderno.
A revista Isto É (18
Nov/2009, ano 32, No 2088, pág. 70-71) trouxe uma matéria sobre consumo que
afirma que “o endividamento crônico atinge milhões de brasileiros e pode ser
uma porta de entrada para o vício do consumismo compulsivo” e apresenta 4 tipos
de consumidores, a saber: 1) O equilibrado: Gasta menos do que ganha e
economiza para poder comprar o que precisa. Evita dívidas cheque especial; 2) O
neurótico: Passa horas no shopping, entra em diversas lojas, experimenta os
produtos e não compra nada; 3) O primitivo: Compra com freqüência produtos
repetidos e inúteis. Tende a acumular supérfluos em casa; e 4) O psicótico:
Gasta mais do que ganha. Acumula dívidas, compromete o orçamento familiar e tem
problemas legais. Por isso que cabe perguntarmo-nos em qual estágio estamos e
se estamos, que é o caso dos mais pobres? A quem interessa de fato esta
situação? O consumismo nos faz felizes e equilibrados ou é mais um sinal do
vazio existencial? Qual é a realidade transcendente que, nós cristãos devemos
querer e doar neste Natal que se aproxima?
Jesus um dia disse que nosso “Pai do céu sabe que temos necessidade de todas essas coisas” (cf. Mt 6,32); contudo afirmou: “buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (cf. Mt 6,33). Que o Natal do Menino Deus nos ajude a entender o significado destas palavras! Assim o seja!
Jesus um dia disse que nosso “Pai do céu sabe que temos necessidade de todas essas coisas” (cf. Mt 6,32); contudo afirmou: “buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (cf. Mt 6,33). Que o Natal do Menino Deus nos ajude a entender o significado destas palavras! Assim o seja!
Pe. Matias Soares - Pároco de São José de Mipibú e Vigário Episcopal Sul