Não devemos colocar a nossa confiança nas coisas passageiras. Uma das características fundamentais da devoção da Divina
Misericórdia é a confiança. Sempre que falamos de confiança, e procuramos um
símbolo, algo a quem podemos associar esta palavra, nos lembramos da criança,
da sua atitude de lançar-se sem medo nos braços dos pais. É a mesma atitude que
Deus espera de cada um de nós se queremos que Ele esteja sempre ao nosso lado.
“Estarei sempre a teu lado se fores sempre como uma pequena criança e de nada
tiveres medo, assim como fui aqui teu princípio, assim também serei teu fim.
Não dependas das criaturas, ainda que seja na mínima coisa, porque isso não me
agrada” (Diário de Santa Faustina, número 294).
Jesus promete estar sempre ao nosso lado se formos sempre
como uma pequena criança e de nada tivermos medo, pois, assim como Ele foi o
princípio da nossa vida, Ele também será seu fim.
Para que fique bem claro que não devemos colocar a nossa confiança
e esperança nas coisas passageiras deste mundo, para que não venhamos a nos
decepcionar e, desta forma, acusar a Deus de nos ter abandonado, Ele nos diz:
“Não dependas das criaturas, ainda que seja na mínima coisa, porque isso não me
agrada”. Não agrada a Jesus que dependamos das criaturas, ainda que seja nas
mínimas coisas. E o Senhor conclui dizendo: “Quero ficar só Eu na tua alma”
(D., número 295).
Jesus nos conhece perfeitamente e sabe que as nossas
relações humanas estão, muitas vezes, viciadas, a ponto de até dependermos
emocionalmente das pessoas. Ele quer nos libertar disso, pois a nossa
felicidade está somente em sermos totalmente de Deus. Por isso, Cristo nos
alerta sobre a necessidade de sermos como as crianças, despreocupadas e
desapegadas em relação às pessoas. Se observarmos uma criança brincando, ela
não quer saber de nada nem de ninguém a não ser de brincar. “A criança não se
preocupa com o passado nem com o futuro, mas aproveita o momento presente” (D.,
n. 333). Elas nos ensinam concretamente a viver a palavra do Evangelho: “A cada
dia basta suas próprias preocupações”.
Devemos aprender esta realidade: só é nosso o momento
presente. O passado não está nas nossas mãos e não podemos corrigir os erros
que cometemos, pois nos resta apenas colocar todo o nosso passado na
Misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou. O futuro a Deus pertence.
Devemos aproveitar o momento presente. Quem vive no (e para o) momento presente
vive com uma confiança absoluta de que Deus não nos deixa faltar nada, pois Ele
cuida de cada pequeno detalhe de nossa vida.
Esta é a verdade que eu devo assumir na minha vida. Deus
cuida de mim, da minha parte quer somente que n'Ele confie.
'Causa-Me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia.
A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos'. (D., n. 1146).
Padre Antônio de Aguiar Pereira
Palotino da Paróquia da Divina Misericórdia RJ