Em nossas amizades precisamos avaliar a quem estamos
rejeitando
É importante que nós como cristãos procuremos sempre
saborear a Palavra de Deus e nela encontrar o alimento que nos dá a vida e nos
fortalece. Olhando para a pedagogia de Jesus, vemos que Ele nos mostra que o
Senhor está no meio de nós. É um Deus que por amor a nós se tornou pobre,
humilde, igual a nós em tudo (menos no pecado). Veja a que ponto chegou o amor
d'Ele por nós.
Jesus revela isso em nossa vida, pois Ele está na casa das
pessoas, nas estradas; Ele acolhe a todos, questiona as estruturas não somente
sociais, mas religiosas que se distanciavam da essência do amor de Deus e do
amor ao próximo.
No Evangelho, vemos que os judeus tinham uma reserva quanto
ao povo que não era judeu. Mas uma mulher estrangeira tinha ouvido falar de
Jesus e se aproximou d'Ele. Não por ela, mas por sua filha que estava possessa.
Ela vai a Jesus cheia de esperança; é uma mãe que vê a filha sofrendo. Cristo a
acolhe e liberta sua filha. Aqui, podemos observar a questão do preconceito em
relação às pessoas, nós as rotulamos, fazemos juízo muito facilmente dos
outros.
É preciso que façamos uma avaliação da nossa vida para ver a
quem estamos rejeitando, a quem não estamos acolhendo. Outra indicação que essa
Palavra nos deixa é que aquela mulher estrangeira havia ouvido falar de Jesus
Nazareno. O Senhor atendeu ao pedido dela, porque, ao ouvir falar d'Ele, ela se
encheu de esperança e aproximou-se d'Ele com fé. Uma pagã acreditando num
judeu, que era também estranho para ela.
Há pessoas estrangeiras entre nós? Podemos dizer que "sim",
até mesmo em nossa família, pois não aceitamos o jeito delas de ser, não as
acolhemos como elas são.
Meus irmãos, a importância dos nossos gestos verdadeiros é o
que nos salva e nos liberta. Nós precisamos de ternura, carinho e afeição.
Jesus mostra esse carinho com as pessoas. Ninguém é estrangeiro para Ele, todos
tinham lugar no Seu coração. Aquela mulher ouviu falar do Senhor pelos
missionários daquele tempo.
Vemos, então, que precisamos de missionários que falem de
Jesus Cristo. O Documento de Aparecida está aí nos conclamando para que, como
Igreja, sejamos discípulos e missionários; para que nós falemos de Jesus aos
outros. E falar de Cristo não é só falar com palavras, mas é testemunhá-Lo e
mostrar que Ele é o caminho da salvação, da libertação. N'Ele, encontramos a
libertação de todos os demônios que infernizam a nossa vida, nossa família.
Precisamos falar de Jesus Ressuscitado, principalmente com nosso testemunho de
vida pessoal, familiar, comunitário e eclesial.
Quais são os demônios que afetam nossa vida? São muitos: o
egoísmo, o individualismo que nos leva ao "cada um por si", as drogas
que matam a nossa juventude e destroem as famílias, a injustiça, a corrupção, a
perda da moral e da ética na vida pública, comunitária e política; todos esses
males que causam tantos estragos. Assim como a raiva e o ódio são causadores de
tantos desentendimentos. Precisamos ser curados desses males. Por essa razão,
devemos ir a Jesus e pedir-Lhe que nos cure para que vivamos com alegria e
satisfação.
Quando rezamos "Venha a nós o vosso Reino", esse é
o Reino que o Senhor quer para nós, pois o Reino de Deus é o jeito de viver com
amor. Temos de nos cuidar, e isso é feito por meio da oração, da vivência
Eucarística, da vida comunitária, partilhada; cada um e todos juntos para que
nos sustentemos uns aos outros.
O alerta vale para todos nós para que cultivemos a
felicidade.
Com muita fé, vamos a Jesus com muita abertura de coração,
porque Ele quer e pode nos libertar de todo mal.
Dom Antônio Cavuto
Bispo titular de Itapipoca (CE)