São Paulo escreve aos filipenses: “Esquecendo
o caminho percorrido e ansiando com todas as forças pelo que está à frente,
arremeter rumo à meta, visando ao prêmio ligado ao chamado que, do alto, Deus
nos dirige em Jesus Cristo. Entretanto, seja qual for o ponto a que chegamos,
caminhemos na mesma direção” (Fl 3,13b-14.16).
É para ir em frente! Quem corre não pode olhar para trás,
precisa olhar para frente, para a meta. É preciso prosseguir, caminhar, seja
qual for o ponto a que você chegou. O que importa é prosseguir decididamente.
Na Epístola aos Colossenses encontramos uma passagem
consoladora: “Com alegria daí graças ao Pai que vos tornou capazes de partilhar
a herança dos santos na luz. Ele nos arrancou ao poder das trevas e nos
transferiu para o reino do Filho do seu amor: nele somos libertos; nossos
pecados são perdoados” (Cl 1,12-14).
É linda essa mensagem: “(...) nele somos libertos; nossos
pecados são perdoados”. Os versículos 21 e 2, desse mesmo capítulo, nos fazem
compreender melhor: “E vós que outrora éreis estrangeiros, vós cujas obras más
manifestavam a hostilidade profunda, eis que agora Deus vos reconciliou graças
ao corpo perecível de seu Filho, por meio de sua morte, para vos fazer aparecer
diante dele santos, irrepreensíveis, inatacáveis”(Cl 1,21-22).
Para compreender bem esta Palavra, precisamos entender que
só existem dois reinos: o reino das trevas e o reino da luz. O reino de Jesus
Cristo e o reino de satanás. Estamos em um ou no outro, não existe “meio
termo”. Só existem dois reinos.
A grande notícia, o verdadeiro Evangelho, isto é, a Boa Nova
que nos foi anunciada é esta: “Ele nos arrancou do poder das trevas”, do reino
de satanás e nos introduziu no Reino de Seu Filho muito amado.
Saímos de um reino e entramos no outro. Deus nos transferiu,
e neste Reino temos redenção e a remissão dos pecados. Leiamos, para
assimilá-la, mais uma vez a Palavra: E vós que outrora éreis estrangeiros, vós
cujas obras más manifestavam a hostilidade profunda, eis que agora Deus vos
reconciliou graças ao corpo perecível de seu Filho, por meio de sua morte, para
vos fazer aparecer diante dele santos, irrepreensíveis, inatacáveis(Cl
1,21-22).
Não que fôssemos santos, imaculados, irrepreensíveis. Pelo
contrário, não éramos santos, imaculados ou irrepreensíveis. Éramos dignos de
castigo. Mas o Pai, bondosamente, pela morte de Seu Filho, arrancou-nos do
poder das trevas e nos introduziu no Reino de Seu Filho muito amado. Por isso,
podemos estar contentes e agradecidos ao Pai que nos fez dignos de participar
da herança do santos.
Como há dois reinos, e ninguém pode viver nos dois, esta
notícia é maravilhosa: “Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transferiu
para o Reino do filho do seu amor”.
Muitos cristãos gostariam de estar nos dois lados e viver os
dois tipos de vida. Cada reino, porém, tem um tipo de vida: leis, condutas
diferentes e um rei diferente. Você não pode pertencer aos dois. A grande graça
foi você ter sido arrancado do poder das trevas e ter sido introduzido no Reino
da Luz, no Reino do Filho amado do Pai: Jesus Cristo.
A grande lei que rege o reino das trevas é aquela segundo a
qual cada um faz o que bem entende. No Livro do Juízes, o último versículo diz:
Naquele tempo, não havia rei em Israel; cada um fazia o que era certo a seus
olhos (Jz 21,25).
Cada um fazia aquilo que queria, aquilo que “dava em sua cabeça”.
É justamente essa a lei do reino das trevas. Satanás é o grande rebelde. Ele
não quis seguir a lei, as normas de Deus, não quis servir a Deus, mas fazer o
que bem entendia. Ele se achava suficientemente grande, forte, poderoso,
inteligente, sábio para fazer o que bem entendesse. Ele não quis obedecer e a
lei que introduziu em seu reino é justamente esta: cada um pode fazer o que bem
entende. Isso, à primeira vista, parece algo maravilhoso.
Nós achamos que é bom, que é certo aquilo que nossa inteligência,
nossa sabedoria, nossa experiência e conhecimentos nos ditam. Cada um é juiz de
si mesmo, sabe o que faz, tem idade suficiente para fazer aquilo que lhe
interessa, aquilo que julga ser bom.
Essa é a razão do mundo estar na situação em que ele se encontra.
Ao passo que no reino de Deus é diferente, não porque o Senhor queira
oprimi-lo, muito ao contrário. Não é verdade que as árvores têm uma lei e é por
causa dessa lei que elas produzem flores e frutos? Não é verdade que a natureza
é regida por leis? É por isso que ela produz coisas maravilhosas!
Infelizmente, você tem sacudido o jugo e jogado Deus para
longe, seu Rei, seu Senhor, a fim de fazer o que bem entende. Acha que sua
inteligência é capaz de tudo. Acredita ter toda a luz, toda a sabedoria.
Jesus nos diz: “No meu reino não é assim, cada um a fazer o
que bem entende. Eu obedeço ao Pai, e Lhe obedeço porque O amo e o Pai me ama.
O Pai me constituiu Rei e Senhor. Aqueles por quem dei tudo, a minha vida, o
meu Sangue, precisam também, por amor, obedecer a mim como Eu obedeço ao Pai”.
Isso não é para seu mal, é para seu bem. Isso não vai
deixá-lo infeliz, oprimi-lo, mas sim, libertá-lo.
Não somos capazes de conduzir nossas vidas, muito menos de
caminhar para a vida eterna. Você precisa da condução, do auxílio de Deus.
Precisa das normas que Deus já imprimiu no mais profundo de seu coração.
Precisa dos mandamentos, das leis do Senhor. Você precisa seguir as orientações
e inspirações que, a cada dia, a cada momento o Senhor lhe apresenta. É uma necessidade.
Isso quer dizer pertencer ao Reino de Deus, ao Reino da Luz.
Você tem uma lei para seu bem, para conseguir por meio dela,
agora, a felicidade e para lhe abrir as portas da feliz eternidade. Aceitamos
essa lei, nos dispomos a vivê-la e cumpri-la, embora seja duro para nossa
natureza rebelde, para nossa carne. Creio que você quer viver essa lei,
caminhar nesses mandamentos. Quer disciplinar-se e quer que o Senhor o adestre
para ser digno de viver em Seu Reino e um dia estar com o Pai por toda a eternidade.
Trecho do livro “o Pão da Palavra - Volume 2” de monsenhor
Jonas Abib