O procedimento indigno dos filhos do sacerdote Eli nos é
relatado no primeiro Livro de Samuel, capítulo 2, versículos 1 em diante (leia
o capítulo inteiro). Quando o povo ia até o templo para levar suas ofertas ao
Senhor e sacrificar animais nas celebrações, os filhos do sacerdote Eli
retiravam dos ofertantes aquilo que não lhes pertencia, retiravam o melhor das
dádivas reservadas ao Senhor. Se alguns dos fiéis se opusessem, ameaçavam tomar
à força.
O comportamento do pequenino Samuel era diferente. Embora
ainda criança (vers. 18), servia ao Senhor trajando a veste sacerdotal. Desde
pequeno o menino Samuel era consagrado ao Senhor e levava a sério seu trabalho.
A atitude dos filhos de Eli atraía a repulsa do povo, mas
chegou aos limites. Um dia apareceu um homem de Deus (vers. 27) e declarou ao
velho sacerdote o pecado de omissão deste por não corrigir o comportamento dos
filhos: “Fazes mais caso dos teus filhos que de mim, engordando-os com o melhor
de todas as ofertas de meu povo de Israel” (vers. 29b).
O homem de Deus declarou então a Eli que seus filhos não
ficariam mais à frente das coisas de Deus, mas pereceriam devido ao seu mau
comportamento.
Também o músico sofre a tentação de servir a Deus vivendo em
estado de contratestemunho. O músico tem de ser consagrado ao Senhor como
Samuel. Ser consagrado é ter o ministério como prioridade, como serviço, é
separar para o Senhor o melhor de nosso tempo.
Muitas vezes, somos tentados a não querer oferecer o melhor
para Deus; no entanto, com nossa atitude de egoísmo e pecado impedimos as
pessoas de entregar o coração a Deus. É uma tentação forte a de servir a Deus
com procedimento indigno de servos que somos.
O que realmente convence as pessoas é o nosso testemunho de
vida: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas que nos mestres”
(Evangelii Nuntiandi 44).
Se seu pecado o está impedindo de servir a Deus, ou as
atitudes de contratestemunho estão escandalizando as pessoas, se alguém está
com a vida irregular e mesmo assim continua à frente no ministério de música, é
melhor parar, afastar-se temporariamente, procurar a confissão, para então
voltar para o seu lugar no ministério. Não há pecado algum que o Sangue de
Jesus não possa lavar. Temos na nossa Igreja o sacramento da reconciliação.
Quem é sensato não despreza as palavras de São Tiago: “Confessai os vossos
pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago
5,16).
Esse tipo de tentação, o de servir na música com uma vida
irregular, é muito perigoso, pois é muito cômodo ter uma aparência de santo, é
até fácil; porém, aquilo que é oculto sempre vem a ser revelado. As pessoas
quererão verificar se o músico está realmente vivendo o que canta.