"Na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao
mundo, que nasceu de uma mulher..." (Gl 4,4). No tempo determinado por
Deus, no auge do Império Romano, o maior que a humanidade já conheceu, no
reinado de Otávio Augusto (30 aC – 14dC),
o Filho Único do Pai, a Palavra Eterna, o Verbo, a Imagem substancial do
Pai encarnou-se no seio da Virgem Maria sem perder a natureza divina, assumindo
a natureza humana. A Igreja ensina que Jesus foi concebido por obra e graça do
Espírito Santo no seio da Virgem Maria, pois isso foi revelado por Deus.
“O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça
diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de
Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo... O Espírito Santo
descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por
isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,30-35).
Deus escolheu a Virgem Maria para ser a mãe de Seu Filho.
"Cheia de graça", a Imaculada é "o fruto mais excelente da
Redenção". Desde o primeiro instante de sua concepção, ela foi preservada
do pecado original e permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a
sua vida (cf. §508). Esse dogma de fé foi proclamado, solenemente, pelo Papa
Pio IX, em 1854, pela Bula Pontifícia “Inefabilis Deus”. Ela é,
verdadeiramente, a mãe de Deus, a mãe do Filho Eterno de Deus feito homem.
Maria "permaneceu Virgem concebendo seu Filho, ao dá-lo
à luz, ao carregá-lo. Virgem ao alimentá-lo de seu seio, virgem sempre, a serva
do Senhor" (Lc 1,38). No “Credo do Povo de Deus”, Paulo VI disse: “Cremos
que Maria Santíssima, que permaneceu sempre Virgem, tornou-se Mãe do Verbo
Encarnado, nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo; e que por motivo desta eleição
singular, em consideração dos méritos de seu Filho, foi remida de modo mais
sublime, e preservada imune de toda a mancha do pecado original; e que supera
de longe todas as demais criaturas, pelo dom de uma graça insigne”(n. 14).
E Paulo VI confirma que Nossa Senhora foi elevada ao céu de
corpo e alma, dogma da assunção, proclamado, solenemente, pelo Papa Pio XII, em
1950, pela Bula Pontifícia “Munificientíssimus Deus”.
“Associada por um vínculo estreito e indissolúvel aos
mistérios da Encarnação e da Redenção, a Santíssima Virgem Maria, Imaculada,
depois de terminar o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à
glória celestial; e, tornada semelhante a seu Filho, que ressuscitou dentre os
mortos, participou antecipadamente da sorte de todos os justos. Cremos que a
Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no céu a desempenhar
seu ofício materno, em relação aos membros de Cristo, cooperando para gerar e
desenvolver a vida divina em cada uma das almas dos homens que foram remidos”
(n. 15).
Assista também: " Quem é Maria?", com professor
Felipe Aquino
Para salvar a humanidade, Jesus precisava ser Deus e Homem
ao mesmo tempo, para poder ser o mediador entre Deus e os homens e poder
oferecer à Justiça Divina uma reparação humana, mas de valor infinito, que só o
Senhor pode oferecer. A Carta aos Hebreus diz que: “por isso convinha que ele
se tornasse em tudo semelhante aos seus irmãos, para ser um pontífice
compassivo e fiel no serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo” (Hb
2,17).
A Igreja ensina que Jesus Cristo é “verdadeiro Deus” e
“verdadeiro homem”, na unidade de Sua Pessoa Divina: por isso Ele é “o único
mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,4). A Pessoa de Jesus é divina, mas Ele
possui duas naturezas: a divina e a humana, não confundidas, mas unidas na
única Pessoa do Filho de Deus. Cristo tem inteligência e vontade humanas,
perfeitamente concordantes e submetidas à sua inteligência e à sua vontade
divinas que tem em comum com o Pai e o Espírito Santo.
A Igreja teve de enfrentar várias heresias que negavam a
humanidade plena de Jesus ou a sua divindade. Houve a heresia chamada “monarquianismo”
(dinamista e modalista), a qual defendia Jesus como sendo um mero homem que, no
momento do batismo, foi revestido de poder (dynamis) divino. Jesus era,
portanto, considerado um “homem especial adotado por Deus como Filho”. O mentor
desta heresia foi Teódoto de Bizâncio, que o Papa São Vítor (189-199)
excomungou em 190. O bispo Paulo de Samósata, homem ambicioso, apoiou essa
heresia no século III.
O monarquianismo modalista ensinava que o Filho era o
próprio Pai ou “o modo pelo qual o Pai se manifestava”; assim, o Pai teria
padecido na cruz. O Papa Zeferino (198-217) afirmou a Divindade de Cristo e a
unidade de essência em Deus sem negar a diversidade de pessoas do Pai e do
Filho. O Papa Calisto (217-222) também combateu a heresia. O modalismo foi
sistematizado pelo sacerdote Sabélio, em Roma, e estendido ao Espírito Santo. O
modalismo não via nas Pessoas Divinas senão “modos” de ação de um só Deus; não
pessoas reais individualizadas. A teoria de Sabélio foi combatida em Roma
também por Santo Hipólito.
Em 325, o Concílio Universal de Nicéia, o primeiro da
Igreja, condenou a terrível heresia chamada arianismo, de Ário, um sacerdote de
Alexandria, no Egito. Ele ensinava que Jesus não era Deus, mas a mais bela
criatura de Deus, por meio de quem o Pai teria criado todas as coisas. Foi uma
heresia que deu muito trabalho à Igreja, porque alguns imperadores romanos
cristãos se tornaram hereges e protegeram esta heresia (Constâncio II,
Valente). No ano 431, no Concílio de Éfeso, a Igreja condenou a heresia de
Nestório, Patriarca de Constantinopla, pois este ensinava que em Jesus há duas
pessoas, e que Maria não era mãe de Deus, apenas mão do homem Jesus. O Concílio
de Éfeso disse que Maria é “Theotókos” (Mãe de Deus).
Outra heresia foi o “apolinarismo’, de Apolinário de
Laodicéia. Ele negava que Jesus tivesse alma humana, condenada pela Igreja;
outra foi o monofisismo de Êutiques, um monge de Constantinopla que negava a
natureza humana de Jesus; condenada pela Igreja no Concílio Ecumênico de
Calcedônia, em 451, pelo Papa Leão Magno. Outra foi o “monoteletismo” de
Sérgio, patriarca de Constantinopla; ele negava que Jesus tivesse uma vontade
humana; condenada pelo Concílio de Constantinopla III, em 680. E outras menos
importantes.
Se Jesus não fosse perfeitamente homem e perfeitamente Deus,
não poderia ser o Redentor da humanidade; essa era a questão chave que a Igreja
defendia e defende.
Felipe Aquino