Tal como o apóstolo Paulo, o Padre
Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz
do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus
Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão
generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia
ter dito: “Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que
vive em mim” (Gl 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com
singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério,
servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e
gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.
1. “O Meu jugo é suave e o Meu
fardo é leve” (Mt 11, 30).
As palavras dirigidas por Jesus aos
discípulos, que acabamos de ouvir, ajudam-nos a compreender a mensagem mais
importante desta solene celebração. De fato, podemos considerá-las, num certo
sentido, como uma
magnífica síntese de toda a existência do Padre Pio de Pietrelcina, hoje
proclamado santo.
A imagem evangélica do “jugo”
recorda as numerosas provas que o humilde capuchinho de San Giovanni Rotondo
teve que enfrentar. Hoje contemplamos nele como é suave o “jugo” de Cristo e
verdadeiramente leve o seu fardo quando é carregado com amor fiel. A vida e a
missão do Padre Pio testemunham que as dificuldades e os sofrimentos, se forem
aceites por amor, transformam-se num caminho privilegiado de santidade, que
abre perspectivas de um bem maior, que só Deus conhece.
2. “Quanto a mim, Deus me livre de
me gloriar a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14).
Não é porventura precisamente a
“glorificação da Cruz” o que mais resplandece em Padre Pio? Como é atual a
espiritualidade da Cruz vivida pelo humilde Capuchinho de Pietrelcina! O nosso
tempo precisa redescobrir o valor para abrir o coração à esperança.
Em toda a sua existência, ele
procurou conformar-se cada vez mais com o Crucificado, tendo clara consciência
de ter sido chamado para colaborar de modo peculiar na obra da redenção. Sem
esta referência constante à Cruz não se compreende a sua santidade.
No plano de Deus, a Cruz constitui
o verdadeiro instrumento de salvação para toda a humanidade e o caminho
proposto explicitamente pelo Senhor a todos aqueles que desejam segui-l’O (cf.
Mc 16, 24). O Santo Frade do Gargano compreendeu isto muito bem, e na festa da Assunção
de 1914 escreveu: “Para alcançar a nossa
única finalidade é preciso seguir o Chefe divino, o qual, unicamente pelo
caminho que ele percorreu deseja conduzir a alma eleita; isto é, pelo caminho
da abnegação e da Cruz” (Epistolário II, pág. 155).
3. “Eu sou o Senhor, que exerço a
misericórdia” (Jr. 9, 23).
Padre Pio foi um generoso
dispensador da misericórdia divina, estando sempre disponível para todos
através do acolhimento, da direção espiritual, e, sobretudo da administração do
sacramento da Penitência. O ministério do confessionário, que constitui uma das
numerosas características que distinguem o seu apostolado, atraía numerosas
multidões de fiéis ao Convento de San Giovanni Rotondo. Mesmo
quando aquele singular confessor tratava os peregrinos com severidade
aparente, eles, tomando consciência da gravidade do pecado e arrependendo-se
sinceramente, voltavam quase sempre atrás para o abraço pacificador do perdão
sacramental.
Oxalá o seu exemplo anime os
sacerdotes a realizar com alegria e assiduidade este ministério, muito
importante também hoje, como desejei recordar na Carta aos Sacerdotes por
ocasião da passada Quinta-Feira Santa.
4. “Senhor, és tu o meu único bem”.
Cantamos assim no Salmo
Responsorial. Através destas palavras o novo Santo convida-nos a pôr Deus acima
de tudo, a considerá-lo como o nosso único e sumo bem.
De fato, a razão última da eficácia
apostólica do Padre Pio, a raiz profunda de tanta fecundidade espiritual
encontra-se na íntima e constante união com Deus de que eram testemunhas
eloquente as longas horas passadas em oração. Gostava de repetir: “Sou um pobre frade que reza”, convencido de
que “a oração é a melhor arma que possuímos, uma chave que abre o coração de
Deus”. Esta característica fundamental da sua espiritualidade continua nos
“Grupos de Oração” por ele fundados, que oferecem à Igreja e à sociedade o
admirável contributo de uma oração incessante e confiante. O Padre Pio unia à
oração também uma intensa atividade caritativa, da qual é uma extraordinária
expressão a “Casa Alívio do Sofrimento”. Oração e caridade, eis uma síntese
muito concreta do ensinamento do Padre Pio, que hoje é proposto a todos.
Padre Luizinho