O Evangelho de São Marcos é dividido em duas partes, nos primeiros 8 capítulos falam sobre o
ministério de Jesus, onde Ele foi pregando a Boa Nova nas cidades, curando os
doentes e expulsando os demônios. E a segunda parte narra a Sua Paixão, morte e
ressurreição.
Na primeira vez que peregrinei para
a Terra Santa, e o guia nos levou para o norte, eu disse a ele: “Mas aqui já
acabou a Terra Santa, para onde quer nos levar?”, e ele nos levou a um lugar
que foi dedicado ao antigo deus grego de nome 'pan', e o lugar também era
chamado de 'Cesaréia de Filipe'. Naquele local o guia leu para nós esta
passagem do Evangelho, onde Jesus levou seus apóstolos a um lugar que era muito
popular e viu algumas pessoas adorando aquele deus chamado 'pan'. Então Jesus
faz esta pergunta aos seus apóstolos: “O que as pessoas dizem de mim, quem elas
dizem que eu sou?” e alguns deles disseram que muitos O apreciavam, que outros
diziam que Ele era Elias, ou João Batista que teria voltado à vida.
Então Ele pergunta novamente aos
apóstolos: “E vocês, quem dizeis que eu sou?”, e Pedro cheio do Espírito Santo diz:
“Jesus tu és o poderoso Salvador que veio do céu, tu és o filho de Deus”. Assim
termina a primeira parte deste Evangelho. Hoje, Jesus faz a nós esta mesma
pergunta, pois talvez Ele esteja sendo apenas mais uma pessoa a quem prestamos
homenagens, a quem admiramos. Eu pessoalmente preciso responder esta pergunta.
O primeiro Jesus que conheci foi na
minha infância, e era um retrato, uma estátua, mas agora sei que aquele não era
Jesus. Infelizmente para algumas pessoas Jesus continua sendo uma estátua, um
retrato. Mas isto esta mudando. Certa vez fui numa casa e mostrei um quadro na
parede para uma pequena menina, e disse: “Você sabe que aquele quadro é Jesus?”
e ela me respondeu: “Aquele não é Jesus, é só um retrato Dele”. É bom termos um
retrato, uma imagem em casa para nos lembrarmos de Jesus, mas nós precisamos
saber que Jesus não é um retrato.
Então eu cheguei ao colegial e li
uma linda história da Bíblia. Em uma das páginas havia um lindo desenho de um
dos milagres de Jesus, e então para mim Ele tornou-se um grande curador, uma
pessoa que fazia coisas poderosas. Hoje sei que Jesus também não é só isso,
Jesus é muito mais do que um curador, um milagreiro. Infelizmente muitas
pessoas vão atrás de Jesus somente pelas curas que Ele pode fazer.
Então fui crescendo e entrei no
seminário, li um livro de um ateu que questionava a existência histórica de
Jesus e comecei a ler outros livros para rebater aqueles conceitos. Vi que
Jesus também não era só aquilo, um Jesus histórico. Na Teologia pude ler a
Bíblia e outras Escrituras. Fiquei fascinado com os ensinamentos de Jesus.
Comecei a aprender muitas coisas e percebi que Jesus era um grande professor.
Mais tarde, vi que Jesus também não era isso, era muito mais que isso. Ele é
muito mais do que o maior professor do mundo.
Muito tempo depois, conheci Jesus
como uma pessoa, uma pessoa com quem eu posso ter um relacionamento, com quem
eu posso falar e contar minhas coisas. Então, percebi que este era o verdadeiro
Jesus. Jesus é uma pessoa que quer ter um relacionamento pessoal com cada um de
nós. No Evangelho São João, diz que João Batista estava com dois de seus
discípulos e de repente Jesus passa perto deles e João aponta para Ele e diz
aos seus discípulos: “Aquele é o Messias!”. Hoje mesmo Jesus está passando no
meio de nós. Muitas vezes nós não O reconhecemos, pois não estamos alerta para
percebê-Lo. Talvez estejamos surdos, enquanto alguém está nos indicando Jesus e
nós não a escutamos. Mas, aqueles discípulos após João Batista ter lhes
mostrado Jesus, O seguiram.
"Jesus deve ser o centro de
nossas vidas", diz o nosso saudoso Padre Rufus
Jesus olha para aqueles discípulos
de João Batista que O seguiu e pergunta: “O que vocês querem?”. Hoje, Jesus
pergunta o mesmo para nós: “O que você quer da vida? O que você realmente
quer?”. E aqueles discípulos perguntam a Jesus: “Mestre onde moras?”, como quem
diz: “Nós não queremos nada de ti, nós não queremos uma cura, um milagre,
queremos estar com você, queremos passar tempo com você” e Jesus responde a
eles: “Vinde e vede!”. Vinde significa que você está sendo convidado, pois
Jesus não força ninguém. Todo o Evangelho tem convites de Jesus: 'vinde e eu
vos libertarei dos fardos pesados, vinde e farei você pescador de homens, vinde
beber das águas vivas da minha fonte'.
Ele também diz: “Vede!”, e ver na
Bíblia, muitas vezes significa “experimentar”. Ao experimentar o convite de
Jesus você terá uma paz que nunca teve, terá uma força, uma felicidade, que
nunca teve e aqueles discípulos aceitaram o convite de Jesus e passaram o dia
com Ele. Eles experimentaram Jesus como pessoa e depois foram falar a outras
pessoas que haviam encontrado Jesus. Um deles era André, que chama seu irmão
Pedro e diz: “Encontramos aquele a quem procurávamos” e Pedro vai também
conhecer a Jesus. Hoje, Jesus está fazendo a mesma pergunta a nós “Quem sou eu
para você?” e quando nós dermos a resposta certa, Ele nos dirá “Vinde e vede!”.
No livro de Jó, nos últimos
capítulos Deus começa a falar, “vocês tem discutido muito sobre mim, mas vocês
me conhecem? Se você me conhece diga-me como fiz o sol e as estrelas”, e em um
determinado momento Jó diz: “Chega, agora percebi o quanto fui estúpido, eu
achei que sabia tudo sobre ti, mas meu conhecimento é pequeno, meu conhecimento
sobre ti tinha como fonte os livros, era somente daquilo que me falaram sobre
ti, mas agora sim eu posso dizer que o conheço, pois O vi com meus próprios
olhos”.
Quando Paulo vê Jesus em Damasco
que lhe diz: “Porque me persegues?”. Paulo lhe pergunta: “Quem é você?” e Jesus
diz: “Eu sou aquele que você esta perseguindo!” e então Jesus se revela a
Paulo. Para São Paulo o cristão é aquele que diz “Jesus é o meu Senhor!”. Na
vida de cada pessoa tem algo que é o centro de sua vida, algo que deixa todo o
resto em segundo plano, algo que ocupa o centro de sua vida. Para algumas
pessoas, o centro de suas vidas pode ser o álcool. Para um viciado em drogas, a
droga é tudo na vida dele.
Mas há pessoas que tem algo bom
como centro de suas vidas: suas famílias, a religião, o trabalho. São coisas boas,
mas não é o melhor. Ainda há um terceiro tipo de pessoa: a que tem Jesus como
único centro de sua vida. Este é um real cristão. Porque muitos cristãos foram
martirizados nos inícios?Por que eles tinham que declarar que o imperador era o
centro de suas vidas, mas eles diziam: “nós respeitamos nosso imperador, nós o
admiramos, mas ele não é o centro das nossas vidas, Jesus é o centro de nossas
vidas” e centenas deles foram mortos por isso.
Ao começar este nosso encontro,
precisamos entender que o que faz a diferença é percebemos quem é o Senhor de
nossas vidas. Alguém ruim, alguém que até é bom, ou somente Jesus o Filho de
Deus, nosso Salvador, o único que disse: “Dou-lhes a paz que ninguém pode lhes
dar”, o único que veio para nos dar vida em plenitude e em abundância.
Ensinamentos do saudoso Pe. Rufus