É verdade que não existe nenhuma prescrição de se dar as mãos ou não
durante a recitação do Pai Nosso. Até agora nem a Santa Sé, nem as Conferências
Episcopais, indicaram se deve-se dar as mãos ou não durante a oração do Pai
Nosso.
Porém, enquanto não há nenhuma dificuldade particular se quem dá as mãos
é um casal, uma família ou um pequeno grupo, surge o problema da obrigação de
toda a assembleia de fazê-lo ou não.
O processo para a introdução de qualquer novo rito ou gesto na liturgia
de modo estável ou até mesmo em associação está previsto no direito litúrgico.
Para que ocorra uma mudança estável é necessário uma maioria de dois terços dos
votos na Conferência episcopal e a aprovação da Santa Sé.
Portanto, se nenhuma conferência episcopal nem a Santa Sé jamais
pensaram em prescrever eventuais posições das mãos para a oração do Pai Nosso,
não é possível que uma autoridade menor imponha um gesto não pedido pela lei
litúrgica.
Enquanto não há indicações sobre a posição dos fieis, de dar-se ou não
dar-se as mãos, sim há indicações claras para o sacerdote e todos os
concelebrantes de rezar o Pai nosso com os braços erguidos: "Portanto, o
celebrante principal, com as mãos juntas, diz a introdução da oração do Senhor.
Depois, com os braços erguidos, diz a mesma oração junto com os outros
sacerdotes concelebrantes, que também rezam com os braços levantados e com as
pessoas”.
Poder-se-ia argumentar que o gesto de dar-se as mãos exprime a união
família da Igreja. Mas cantar e recitar a oração do Pai Nosso já expressa esse
elemento.
O ato de dar-se as mãos enfatiza a unidade pessoal do ponto de vista
humano e físico e exige mais esforço do que o ato espontâneo de pequenos
grupos. O dar-se as mãos é mais difícil no contexto das grandes reuniões e
algumas pessoas se sentem incomodadas porque vêem isso como uma imposição.
O uso desta prática durante o Pai Nosso poderia desviar e distrair da
referência direta a Deus, dado que a oração é de adoração e de súplica. A este respeito
nos números 2777-2865 do Catecismo da Igreja Católica, é explicado que a
prática de dar-se as mãos poderia favorecer um sentido mais horizontal e
simples.
Também, dar-se as mãos durante o Pai Nosso tende a antecipar e duplicar
o sinal da paz, do ponto de vista simbólico e, portanto, reduz o seu valor.
Por todas estas razões, ninguém deveria ter problema de não querer
participar desse gesto, caso não goste. Basta seguir os costumes universais da
Igreja, sem ser acusado de ser uma causa de desarmonia.
Um caso diferente é a prática de algumas pessoas de tomarem a posição
Orantes, ou seja, com os braços abertos.
É o gesto que faz o padre durante a recitação do Pai-Nosso.
Em alguns países, na Itália, por exemplo, a Santa Sé concedeu o pedido
dos bispos de permitir a qualquer um de ter esta posição durante o Pai Nosso.
Normalmente cerca de um terço, até mesmo a metade, dos fieis reunidos decidem
fazer este gesto.
Apesar das aparências, esse gesto não é, estritamente falando, uma
tentativa dos leigos de usurpar as funções sacerdotais.
O Pai Nosso é a oração de toda a assembleia, e não uma oração exclusiva
dos sacerdotes. Portanto, no caso do Pai-Nosso, a postura Orantes expressa a
oração dirigida a Deus pelos seus filhos.