Intervenção do cardeal D. STANISLAW RYLKO(presidente do Pontifício Conselho para os Leigos) no sínodo dos Bispos em 09/10/12.
No número
115 do instrumentum laboris, lemos que "o florescimento, ao longo
das últimas décadas, muitas vezes gratuito e carismático, de grupos e
movimentos engajados com prioridade na proclamação do Evangelho é outro dom da
Providência para a Igreja".
O magistério
dos últimos papas reiterou em muitas circunstâncias esta natureza providencial
da "nova era de integração dos fiéis leigos", destacando a sua
estreita relação com o "novo Pentecostes" do concílio Vaticano II.
Em
particular, o beato João Paulo II fez sempre questão de destacar o dinamismo
missionário dos movimentos e das novas comunidades, que "representam um
verdadeiro dom de Deus para a nova evangelização e para a atividade missionária
propriamente dita. Por isso, recomendamos difundi-los e usá-los para dar novo
vigor, especialmente entre os jovens, para a vida cristã e para a
evangelização, dentro de uma visão pluralista dos modos de se associar e de se
expressar".
O papa Bento
XVI, por sua vez, ressalta que "o instrumento providencial para um
renovado impulso missionário são os movimentos eclesiais e as novas
comunidades; acolham-nas e promovam-nas dentro das suas dioceses". Em
outra ocasião, ele encorajou os bispos a receber os movimentos e novas
comunidades "com grande amor".
Infelizmente,
os movimentos e as novas comunidades ainda são um recurso que não é totalmente
valorizado na Igreja, um dom do Espírito e um tesouro de graças que ainda estão
escondidas aos olhos de muitos pastores, talvez intimidados pela novidade que
eles trazem para a vida da diocese e das paróquias.
O Santo
Padre está bem ciente desta dificuldade; é por isto que ele exorta os pastores
a "não extinguirem os carismas, a serem gratos a eles, mesmo que eles
sejam incômodos". É necessária, portanto, uma "conversão
pastoral" dos bispos e dos padres, que são chamados a reconhecer que os
movimentos são essencialmente um dom precioso e não um problema.
O zelo
missionário das novas realidades não vem de um entusiasmo emocional e
superficial, mas resulta de experiências muito sérias e exigentes de formação
dos fiéis leigos na fé madura, capaz de responder adequadamente aos desafios da
secularização. A novidade da sua ação, portanto, não está nos seus métodos, mas
na capacidade de reafirmar a centralidade de Deus na vida dos cristãos, uma
questão fundamental nos ensinamentos do Santo Padre Bento XVI.
Mesmo para a
nova evangelização, vale o velho ditado escolástico: "operari sequitur
esse", porque as nossas ações sempre expressam o que somos. A
evangelização não é só uma questão de know-how, mas é, principalmente,
uma questão de "ser", isto é, de ser cristãos verdadeiros e
autênticos.
Os métodos
de evangelização que os movimentos e as novas comunidades adotam são
aparentemente muito diferentes, muito variados, mas todos se relacionam com as
"três leis da nova evangelização", que o então cardeal Ratzinger
formulou para catequistas e professores de religião por ocasião do Jubileu do
ano 2000.
Primeiro, a
"lei da expropriação", ou seja, o não falar em nome próprio, mas em
nome da Igreja, mantendo claro que "a evangelização não é apenas um modo
de falar, mas um modo de viver": é a clara consciência de que pertencemos
a Cristo e ao Seu Corpo, a Igreja, que transcende o eu.
A segunda é
a "lei da semente de mostarda", que é a coragem de evangelizar com
paciência e com perseverança, sem esperar resultados imediatos, e sempre
lembrando que a lei dos grandes números não é a lei do Evangelho. É uma atitude
que podemos reconhecer, por exemplo, no trabalho de evangelização realizado por
movimentos e novas comunidades nas regiões mais secularizadas da terra.
A terceira
"lei" é a do grão de trigo, que deve morrer para dar a vida, que deve
aceitar a lógica da cruz. Nessas leis, reside o maior segredo da eficácia dos
esforços de evangelização da Igreja em todos os tempos.
(Traduzido por ZENIT)