quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Festa do Papado: símbolo do poder espiritual do Papa sobre todos



A Igreja, depois da experiência da ressurreição, ficou por Jerusalém, depois passou à Samaria e em seguida Antioquia. Alguns Apóstolos acabaram por fundar as suas Igrejas, particularmente São Paulo, e depois São Pedro, que esteve em algumas comunidades. A partir do século II o Cristianismo começou a ter uma certa implantação e, como tudo o que é humano, começou a conhecer problemáticas.

Perante essas situações, alguns padres, como Inácio de Antioquia, Ireneu e Tertuliano manifestam a sua admiração para com a comunidade de Roma e aconselhavam a consulta às comunidades fundadas pelos Apóstolos. Já no fim do século II notam-se igrejas de fundação apostólica com dignidade equiparável.

Posteriormente, a comunidade de Roma ganha um lugar de relevo porque era a capital do Império e pela presença dos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo. Encontra-se bispos de Roma, nesta época, que tentaram introduzir algumas normas e orientações para outras comunidades, como Vítor (questão das datas da Celebração da Páscoa no Ocidente e no Oriente) e Estêvão (disputas com São Cipriano de Cartago). É Estêvão que assume o título de sucessor de Pedro como sinônimo de autoridade suprema, com direito de orientar outras comunidades eclesiais.

A aceitação não é imediata, mas a comunidade de Roma sempre foi tida em grande apreço. Os Concílios ecumênicos de Niceia, Éfeso e Calcedônia serviram para reforçar o papel do Bispo de Roma na defesa da Ortodoxia, o qual acabou por gozar de uma preeminência em relação aos outros Bispos, quer do Oriente, quer do Ocidente.

Com o Bispo Dâmaso, no século IV, e com São Leão Magno, no século V, a Igreja de Roma passa a ser considerada a sede da Igreja Católica. É evidente se fazer uma pequena distinção: enquanto na Igreja do Ocidente, se aceitou com agrado a orientação romana, na Igreja do Oriente, bastante fragmentada por meio das sedes metropolitanas e patriarcais, sempre houve alguma dificuldade em aceitar orientações de Roma.

Nos Concílios foi sempre visível que os Orientais entendiam que a Ortodoxia passava pelo exercício da sinodalidade, a Igreja do Ocidente entendia que a ratificação final do conteúdo da fé devia ter a chancela do Bispo de Roma.

Papa

Hoje quando se fala em Papa refere-se ao título mais popular, o que traduz mais o afeto. De fato, o nome “Papa” vem do grego, e significa pai. O título de Papa, nos primeiros séculos da Igreja, era atribuído praticamente a todos os grandes Bispos. Os fiéis exprimiam facilmente o seu carinho para com o seu Bispo ou, nos grandes mosteiros, em relação ao Abade.

Do plural chegou-se depois ao singular. O primeiro documento em que encontra-se referência a um Bispo de Roma que assume para si esse título é do ano 302, de Marcelino II, no monumento fúnebre que mandou erigir para um dos seus diáconos.

No século V, aos poucos, as pessoas começam a chamar Papa apenas ao Bispo de Roma. No Oriente, a partir do século VI, acaba-se por fazer o mesmo, embora ainda encontra-se um ou outro Bispo que chama para si esse mesmo título.

Gregório VII, no século XI, através do “Dictatus Papae”, afirma na proposição XI que o título de Papa deve ser usado única e exclusivamente para o Bispo de Roma.