sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ser pai na adolescência


O amor nos faz dar respostas diferentes. Só recentemente o tema “paternidade na adolescência” tem sido tratado com maior atenção. Quando se falava em gravidez inesperada na adolescência, as reflexões estavam muito voltadas para a questão da maternidade. Hoje, percebemos que as dificuldades não são experienciadas somente pela mulher, mas também pelos homens, que se vêem diante da adolescência, com suas questões específicas da idade, e da nova situação da paternidade, que muitas vezes é indesejada e repleta de “problemas” aparentemente sem solução. A adolescência é um período que compreende aproximadamente a faixa etária que vai dos 12 aos 20 anos. Contudo, na verdade, não há uma definição clara para seu ponto de início e fim, geralmente considera-se que ela inicia-se na puberdade, ou seja, no processo que leva à maturidade sexual ou fertilidade. Esta fase também se caracteriza por ser um período de descoberta do mundo, no qual o jovem olha ao seu redor diante da sua vivência familiar, e ao mesmo tempo, com todas as outras experiências de convívio social, de maneira que sua personalidade vai sendo estruturada de uma forma mais madura. Portanto, é um momento de transição, pela qual passam todos os homens, carregada de transformações físicas, psicológicas e existenciais. Esse período traz diversas instabilidades e crises, pois é um tempo no qual se está ocorrendo a construção de nossa identidade, pois deixamos de ser aquela criança que tudo podia, que tudo lhe era permitido, quando tudo era uma “festa”, assim como, sempre era ajudada em suas dificuldades, e, que, agora, nem se é ainda um adulto formado, mas já se tem todas responsabilidades acarretadas pela sociedade. Diante de todas essas características envolvidas nesse contexto, tão específico no processo de sua humanização, podemos dizer que, biologicamente falando, o adolescente já tem condições físicas para ser pai, pois é neste período que ocorre o início da produção de espermatozóides, proporcionando assim a vida fértil. Contudo, no que diz respeito ao aspecto psicológico, podemos pensar: se esta fase de desenvolvimento do ser humano é um momento tão especial da vida - a qual requer cuidado, atenção e reflexão, quando o adolescente se encontra mergulhado em si mesmo, na construção de sua identidade, considerando-se seu aspecto psíquico e emocional, assim como também toda sua experiência de vida - como ele poderia oferecer suporte, apoio, presença paterna a um filho que também necessita se estruturar e, portanto, precisa de cuidado? Ser pai não é apenas ser uma pessoa do sexo masculino, que possua órgãos masculinos ou que possua um “cromossomo y”, mas, sobretudo é ser uma pessoa que tem um lugar definido na família, principalmente na vida do filho e na construção da personalidade deste.Essa presença paterna não é dispensável ou menos importante, mas é essencial. O pai evidencia para o filho um mundo maior de relações que não somente o materno, ele alarga a visão do filho com sua presença amorosa e participante. Ele também lhe traz os limites, a socialização, assim o filho percebe que este não é uma extensão da mãe, ele é uma pessoa distinta, de relação e que também tem seu lugar. Se o pai não perceber sua função e não tiver condições para se responsabilizar por ela, poderá viver afastado, fisicamente distante, emocionalmente ausente, indiferente, autoritário, egoísta, indeciso, fechado para a vida do filho. Tudo isso trará sérias conseqüências! Então, o que é ser pai? “Ser pai é ser amigo, sustentador nas dificuldades, é ser companheiro, conselheiro, confiável e perdoador, aquele que abençoa a sexualidade do seu filho, é ser aquele a quem o filho pode correr em busca de refúgio e que está disponível a acolhê-lo e ajudá-lo – é ser consciente, é ser responsável – é ser Homem”.( “Ser Pai: um apelo à responsabilidade”, de Rasma V.E. Jakob). Se por acaso você estiver vivendo a experiência de ser pai na adolescência, transcenda, busque o amadurecimento necessário, não olhe só para o seu limite, olhe para o seu filho; o amor nos faz dar respostas que antes nos pareciam impossíveis.

Maria Luíza da S. Medeiros e João Carlos Medeiros