Pentecostes é a festa do derramamento do Espírito Santo
sobre a Igreja. A terceira Pessoa da Santíssima Trindade se manifesta aos fiéis
por meio dos dons carismáticos e dos dons de santificação.
Dons carismáticos
Dom da fé: Fé é o dom que recebemos no batismo. Não é fé
intelectual: "Eu acredito que Jesus pode curar", e só. Não; de tal
maneira estou convencido do poder curador do senhor, que minha fé me leva a ser
instrumento d'Ele. Tudo isso depende de estarmos no Espírito Santo e
permanecermos n'Ele.
Dom da interpretação: Normalmente, nem aquele que fala em
línguas nem os outros entendem o que se enuncia. Mas o Senhor, muitas vezes,
quer que aquela oração seja de edificação para a comunidade; quer usar o
veículo das línguas para falar. Então, Ele dá, à mesma pessoa ou a outra, o dom
da interpretação.
Dom da profecia: No dom de línguas, estamos falando a Deus,
não aos homens. Mas os homens precisam que a mensagem lhes seja anunciada. Às
vezes, temos uma noção errada a respeito da profecia. Pensamos que se trata de
adivinhar o futuro. Nada disso: profeta é aquele que fala em nome de Deus, ou
melhor, é um instrumento que Ele precisa. Profecia é justamente a palavra que o
Pai expressa por intermédio de alguém. Nada a ver com adivinhar o futuro.
Dom da cura: Não somos nós que curamos; é Jesus. Cristo saiu
por todas as partes curando. Da mesma forma, o Espírito quer se manifestar em
nós - que somos membros do Corpo do Senhor -, levando cura àqueles que dela
precisam. O dom da cura e o dom da fé estão ligados porque acreditamos e oramos
pelas pessoas, como Jesus mandou. Tudo se faz em oração, pois é ela que leva à
cura.
Dom de línguas: Quando nós somos batizados no Espírito Santo,
a primeira coisa da qual nos enchemos é de oração. Ela é a comunicação entre o
Pai e o Filho; o Filho que fala ao Pai e o Pai que fala ao Filho. Fornecemos a
expressão palpável, mas quem dá o conteúdo, o fogo e a oração é o Espírito
Santo.
Dom de milagres: Ligado à cura está o dom dos milagres. O
processo de cura é demorado, mas o milagre é imediato. Pela fé carismática,
começamos a perceber os milagres acontecendo nas nossas vidas, nos nossos
grupos, em nossas comunidades. O que nunca se esperava acontece, o impossível
se torna realidade.
Dom do discernimento: Para possuir discernimento, o básico é
aprender a ouvir o Senhor; suas emoções, inspirações. Paulo VI destacou em um
de seus pronunciamentos: "O dom dos dons para os tempos de hoje é o
discernimento". E é mesmo, do contrário somos levados por ventos de várias
doutrinas, a mesmo, sem saber para onde vamos.
Palavra de ciência: Quando a palavra de profecia surge
espontaneamente nos nossos grupos, especialmente depois da oração, do canto em
línguas e do silêncio, esse é um momento muito oportuno para Deus nos dar a
palavra de ciência ou de conhecimento. É como um diagnóstico. Deus nos dá um
conhecimento que não poderíamos alcançar por nosso próprio esforço. Essa
palavra de ciência vem de nós. Chama-se palavra porque nos é dada através de
uma expressão, de uma frase, ou de uma imagem. Sua função é indicar algo que o
Senhor que fazer.
Palavra de sabedoria: O dom da palavra de sabedoria é um dom
doméstico, é a palavra, o pensamento ou ideia que o Senhor nos envia no momento
oportuno. Sabedoria e ciência caminham juntas, como dois remos, para conduzir o
povo de Deus. Sabedoria aqui não é sabedoria humana; não é cultura, grau de
estudo. É a sabedoria que vem do Espírito. E esse dom não nos torna autoridades;
não nos habilita a falar grosso, na ponta dos pés.
Dons de santificação
Dom da fortaleza: O dom da fortaleza, também chamado
"dom da coragem", imprime em nossa alma um impulso que nos permite
suportar as maiores dificuldades e tribulações, e realizar, se necessário, atos
sobrenaturalmente heróicos. A esse dom se opõe a timidez, que é o temor
desordenado; e também aquele comodismo que impede de caminhar, de querer dar
grandes passos.
Dom da piedade: O dom da piedade é auxiliado por duas
virtudes teologais: a da esperança e a da caridade. Pela virtude da esperança
participamos da execução das promessas de Deus e, pela virtude da caridade,
amamos a Deus e ao próximo.
Dom da sabedoria: Quando o Senhor nos dá uma palavra de
profecia, de ciência, de discernimento ou qualquer revelação, temos de procurar
discernir se aquilo que recebemos deve ser dito, quando deve ser dito e como
deve ser dito. Porque alguns são afogueados. Receberam um dom, uma palavra de
profecia, e a pessoa é tão apressada que já quer dizer. Mas você perguntou ao
Senhor se essa palavra de profecia deve ser comunicada?
Dom do conhecimento: É pelo dom do conhecimento que nos é
concedido conhecer o verdadeiro valor das criaturas em relação ao seu Criador.
Nós sabemos que o homem moderno, justamente por causa do desenvolvimento das
ciências, é exposto particularmente à tentação em dar uma interpretação
naturalista ao mundo. Isto acontece especialmente quando se trata de riquezas,
prazer e de poder, os quais realmente podem ser obtidas das coisas materiais.
Dom do conselho: O dom do conselho, também chamado "dom
da prudência", nos faz saber pronta e seguramente o que convém dizer e o
que convém fazer nas diversas circunstâncias da vida. É um dom de santificação
que nos faz viver sob a orientação do Espírito Santo. Por ele, o Paráclito nos
fala ao coração e nos faz compreender o que devemos fazer. Agimos sem timidez
ou incerteza. Pelo dom do conselho, falamos ou agimos com toda confiança, com a
audácia dos santos.
Dom do entendimento: O dom do entendimento, também chamado
"dom da inteligência" ou "dom do discernimento" (diferente
do discernimento dos espíritos), nos dá uma compreensão profunda das verdades
reveladas, sem contudo nos revelar o seu mistério. Só teremos plena compreensão
do mistério quando estivermos face a face com Deus. Por meio deste dom passamos
a nos conhecer profundamente e a reconhecer a profundidade de nossa miséria.
Dom do temor a Deus: O temor de Deus é um dom do Espírito
Santo que nos inclina ao respeito filial ao Pai e nos afasta do pecado. Este
compreende três atitudes principais: o vivo sentimento da grandeza de Deus e
extremo horror a tudo o que ofenda sua infinita majestade; uma viva contrição
das menores faltas cometidas; e um cuidado constante para evitar ocasiões de
pecado.
Monsenhor Jonas Abib