sábado, 18 de agosto de 2012

Exemplo de Santidade: São Pio de Pietrelcina



Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: “Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.

1. “O Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve” (Mt 11, 30).

As palavras dirigidas por Jesus aos discípulos, que acabamos de ouvir, ajudam-nos a compreender a mensagem mais importante desta solene celebração. De fato, podemos considerá-las, num  certo  sentido,  como  uma  magnífica síntese de toda a existência do Padre Pio de Pietrelcina, hoje proclamado santo.

A imagem evangélica do “jugo” recorda as numerosas provas que o humilde capuchinho de San Giovanni Rotondo teve que enfrentar. Hoje contemplamos nele como é suave o “jugo” de Cristo e verdadeiramente leve o seu fardo quando é carregado com amor fiel. A vida e a missão do Padre Pio testemunham que as dificuldades e os sofrimentos, se forem aceites por amor, transformam-se num caminho privilegiado de santidade, que abre perspectivas de um bem maior, que só Deus conhece.

2. “Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14).

Não é porventura precisamente a “glorificação da Cruz” o que mais resplandece em Padre Pio? Como é atual a espiritualidade da Cruz vivida pelo humilde Capuchinho de Pietrelcina! O nosso tempo precisa redescobrir o valor para abrir o coração à esperança.

Em toda a sua existência, ele procurou conformar-se cada vez mais com o Crucificado, tendo clara consciência de ter sido chamado para colaborar de modo peculiar na obra da redenção. Sem esta referência constante à Cruz não se compreende a sua santidade.

No plano de Deus, a Cruz constitui o verdadeiro instrumento de salvação para toda a humanidade e o caminho proposto explicitamente pelo Senhor a todos aqueles que desejam segui-l’O (cf. Mc 16, 24). O Santo Frade do Gargano compreendeu isto muito bem, e na festa da Assunção de 1914 escreveu:  “Para alcançar a nossa única finalidade é preciso seguir o Chefe divino, o qual, unicamente pelo caminho que ele percorreu deseja conduzir a alma eleita; isto é, pelo caminho da abnegação e da Cruz” (Epistolário II, pág. 155).

3. “Eu sou o Senhor, que exerço a misericórdia” (Jr. 9, 23).

Padre Pio foi um generoso dispensador da misericórdia divina, estando sempre disponível para todos através do acolhimento, da direção espiritual, e, sobretudo da administração do sacramento da Penitência. O ministério do confessionário, que constitui uma das numerosas características que distinguem o seu apostolado, atraía numerosas multidões de fiéis ao Convento de San Giovanni Rotondo.  Mesmo  quando aquele singular confessor tratava os peregrinos com severidade aparente, eles, tomando consciência da gravidade do pecado e arrependendo-se sinceramente, voltavam quase sempre atrás para o abraço pacificador do perdão sacramental.

Oxalá o seu exemplo anime os sacerdotes a realizar com alegria e assiduidade este ministério, muito importante também hoje, como desejei recordar na Carta aos Sacerdotes por ocasião da passada Quinta-Feira Santa.

4. “Senhor, és tu o meu único bem”.

Cantamos assim no Salmo Responsorial. Através destas palavras o novo Santo convida-nos a pôr Deus acima de tudo, a considerá-lo como o nosso único e sumo bem.

De fato, a razão última da eficácia apostólica do Padre Pio, a raiz profunda de tanta fecundidade espiritual encontra-se na íntima e constante união com Deus de que eram testemunhas eloquente as longas horas passadas em oração. Gostava de repetir:  “Sou um pobre frade que reza”, convencido de que “a oração é a melhor arma que possuímos, uma chave que abre o coração de Deus”. Esta característica fundamental da sua espiritualidade continua nos “Grupos de Oração” por ele fundados, que oferecem à Igreja e à sociedade o admirável contributo de uma oração incessante e confiante. O Padre Pio unia à oração também uma intensa atividade caritativa, da qual é uma extraordinária expressão a “Casa Alívio do Sofrimento”. Oração e caridade, eis uma síntese muito concreta do ensinamento do Padre Pio, que hoje é proposto a todos.

Padre Luizinho