Ser amigo implica querer que o outro seja amigo de Cristo. A amizade é o melhor bem humano. Vale mais que as riquezas,
o poder, a ciência ou as honras. A amizade é o amor que se tem por uma pessoa
em razão dela mesma, do que ela é, independente das vantagens ou desvantagens
que ela possa nos proporcionar. Além disso, a amizade é o caminho para chegar a
Deus.
Ser amigo é relação e também virtude que consiste na firme
vontade de querer e procurar o bem do outro. A amizade acontece quando duas
pessoas querem e procuram, reciprocamente, o bem do outro. Para ter amigos,
para estabelecer relações de amizade, é necessário, primeiro, adquirir a
virtude da amizade.
Hoje, costuma-se usar a palavra amizade somente no que diz
respeito às relações que se têm com pessoas que não são da família, mas este é
um conceito limitado. O amor da amizade é, pelo contrário, o amor que
caracteriza a vida familiar, na qual as pessoas convivem e se amam por si
mesmas. A família se constitui a partir da amizade conjugal, porque implica o
compromisso recíproco de procurar o bem integral do outro por toda a vida. A
vida familiar dá lugar às outras relações de amizade, algumas entre desiguais,
como a amizade paterna ou a amizade filial, e outra entre iguais, como a
amizade fraternal.
A amizade com pessoas que não são da família tem a mesma
essência que a amizade familiar. Os amigos querem e procuram o bem do amigo, a
quem consideram valioso por si mesmo, por ser quem são, independentemente de
qualquer utilidade ou vantagem que possa proporcionar.
Quem tem fé em Cristo e sabe que Ele é o amigo por
excelência, Aquele que quer e procura o nosso bem mais do que ninguém, mais que
nós mesmos. Jesus deu sua vida por todos nós, a fim de que todos possamos
alcançar a felicidade eterna. Queira, naturalmente, que seus amigos sejam
também amigos de Cristo. Por isso, para um cristão ser amigo implica querer que
o outro também seja amigo do Senhor.
Esse é o apostolado da amizade que ensinou São Josemaria
Escrivá. Não se trata de ganhar adeptos nem de crescimento de um grupo, muito
menos de manipular as pessoas para que sirvam a fins políticos, econômicos ou
de qualquer outra natureza. Ser apóstolo, ensinava ele, é ser amigo primeiro de
Cristo e, em seguida, de todas as pessoas com quem convive: familiares, amigos
da escola, companheiros de trabalho, clientes, fornecedores, vizinhos, sócios
e, em geral, qualquer pessoa com quem ele conviva. Àqueles amigos que queremos
bem, convidamos e ajudamos para que sejam amigos de Cristo. Se o amigo recusa o
convite, a amizade permanece, porque o amigo é querido por si mesmo, mas se
aceita o convite, então a amizade se fortalece, porque ambos são amigos do
Amigo.
Termino com umas palavras que o Papa Bento XVI dirigiu a um
numeroso grupo de jovens, em Roma, durante o Congresso Universitário - UNIV, em
abril de 2006: “quem descobriu a Cristo não pode deixar de levar os demais até
Ele, uma vez que não é possível guardar para si uma grande alegria sem
comunicá-la. Esta é a tarefa a que os chama o Senhor, este é o 'apostolado da
amizade' que São Josemaria descreve como 'amizade pessoal’, sacrificada,
sincera, de tu a tu, de coração a coração”. Todo cristão está convidado a ser
amigo de Deus e, com Sua graça, atrair para Ele seus próprios amigos. O amor
apostólico converte-se, deste modo, em uma autêntica paixão que se expressa
comunicando aos demais a felicidade que se encontra em Jesus”.
Jorge Adame Goddard