terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Eclesiologia de Comunhão - O que a Igreja realiza




Após cinquenta anos da abertura do Concílio ecumênico Vaticano II, a Igreja considera ainda mais importante o evento e a implicação dos seus textos, que marcaram profundamente a sua vida e a sua relação com o mundo na transição para o terceiro milênio.

O beato João XXIII tinha atribuído ao Concílio duas finalidades principais: atualizar a apresentação da doutrina da Igreja e promover a unidade dos cristãos, dois objetivos que queriam  renovar a relação da Igreja com o mundo moderno e relançar deste modo a sua missão universal.
Para alcançar estes objetivos, os Padres conciliares deram início a uma reflexão de fundo sobre a eclesiologia com a esperança de definir melhor a natureza profunda da Igreja, a sua estrutura essencial, o sentido da sua missão num mundo em fase de emancipação em relação à sua influência e à tradição.

A eclesiologia de comunhão é o resultado desta reflexão, que se desenvolveu durante  a recepção progressiva dos textos conciliares, com divergências notáveis, segundo se a interpretação teológica ou pastoral privilegiasse a reforma na continuidade ou a ruptura com a Tradição.  Foi assim que depois de ter favorecido a «explicação»  e a «recepção» do Concílio, pareceu necessário orientar a sua interpretação, o que o Sínodo de 1985 fez, declarando que  «a eclesiologia de comunhão é a ideia central  e fundamental dos documentos do Concílio». Bento XVI contribuiu em grande medida para  esta reflexão, reconhecendo a sua necessidade: «Por que a recepção do Concílio, por uma grande parte da Igreja, foi realizada até agora de forma tão difícil? Hora bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou – como diríamos hoje – da sua justa hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação» (Discurso à Cúria Romana por ocasião da apresentação dos bons votos de Natal, 22 de Dezembro de 2005). É suficiente recordar a reforma litúrgica, a colegialidade episcopal, a sinodalidade, o ecumenismo, para alcançar pontos nevrálgicos bem conhecidos pela eclesiologia de comunhão e da sua interpretação.



Marc Ouellet