segunda-feira, 20 de maio de 2013

Formando formadores



Se você é formador de alguém, evite criar uma pessoa à sua imagem. Cada um de nós é o primeiro responsável pela sua própria formação. Porém, ninguém é totalmente autodidata. Precisamos de pais, mestres, professores, educadores. Aprender é um grande ato de humildade. Aliás, os humildes são sábios, pois sabem que não sabem tudo. Sua mente, portanto, está aberta para aprender mais. O coração de Jesus se revela – no capítulo 11 do Evangelho de São Mateus – como "manso e humilde" e diz: "aprendei de mim". Essa é a primeira lição. Para ser mestre é preciso sempre ter ouvidos de aluno, coração de aprendiz. O orgulhoso acha que já sabe tudo; é auto-suficiente; por isso é medíocre; parou no tempo;
seu conhecimento é inversamente proporcional ao tamanho de sua soberba. Pais e mães são naturalmente chamados a educar seus filhos. Outros têm vocação para ser professor. Mas, de alguma forma, todos nós já ensinamos algo para alguém. Por isso, essa meditação sobre formação de formadores é útil para todos os homens e mulheres de boa vontade. Já disse o educador Paulo Freire: "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". Ou seja, a formação é um milagre que é fruto da solidariedade, da comunhão. O autêntico mestre, o verdadeiro educador tem a habilidade de construir esta rede de comunhão entre seus discípulos. A ênfase principal não está nos conteúdos a serem ensinados. Para isso bastaria um livro ou um site sem sangue, sem sentimentos. Mas a educação passa pela cordialidade, pela capacidade de se estabelecer vínculos afetivos e efetivos com as pessoas. Essa lição fundamental é esquecida por muitos professores e pregadores que simplesmente ditam suas lições e não se comprometem com o formando. Não ouvem as lições do aprendiz. É isso mesmo. O formador precisa sempre ouvir e aprender o que o formando tem a dizer. Jesus soube fazer esse exercício de construtivismo o tempo todo. Já percebeu como Ele fazia perguntas? O episódio de Emaús é um exemplo disso. O Senhor colocou-se no caminho ao lado deles e perguntou: "Por que vocês estão tristes?" Ele sabia a resposta, mas preferiu a pedagogia da interrogação. Antes de Cristo, na Antiga Grécia, o velho filósofo Sócrates costumava também dar aulas andando pelo jardim. Chamava isso de “método peripatético”. No caminho ele interrogava os alunos. Há um grande saber dentro de cada um de nós. É uma atitude de sagrado respeito reconhecer esse potencial no educando ao lhe fazer uma pergunta. Outra lição fundamental é educar a pessoa como um todo. Hoje a Educação Integral está em alta. Platão – nos diálogos “Fédon” – chega a afirmar que se alguém sabendo que a vida é eterna educa apenas para este mundo, que passa, é um louco. A educação cristã reivindica o direito de educar para a vida eterna, para o céu. Educação inclui fé. Mesmo a educação em um colégio público, sendo laica não pode ignorar essa dimensão, pois deixaria de ser uma educação integral. O mestre precisa fazer a síntese entre cabeça, coração e mãos, como dizia o pedagogo Pestalozzi. Não bastam lições eruditas e inteligentes. Como diz o autor de “O Pequeno Príncipe”: só se vê bem com  o coração. E o filósofo Pascal afirma que "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Hoje se fala até mesmo de "inteligência emocional". Mas não basta isso. O conhecimento útil vem da prática. Há conhecimentos interessantes, mas totalmente inúteis. São pesquisas feitas apenas para demonstrar erudição. Vários autores já demonstraram que nós memorizamos mais facilmente aquilo que nos serve. Tente ensinar o caminho para alguém indo ao seu lado no volante; ele esquecerá rapidamente. Mas se o deixar dirigir, provavelmente memorizará mais. Se ele tiver de ir sozinho, jamais esquecerá.   

Educar exige prática de liberdade e autonomia. Não fique o tempo todo com seu formando no colo. A pedagogia da presença deve ser equilibrada com a pedagogia da ausência. Só quando meu pai tirou as rodinhas de apoio de minha bicicleta é que aprendi de fato a andar equilibrado. É  claro que caí, mas a “marca nos joelhos” é um preço necessário para a boa educação. Se você é mestre ou formador de alguém, evite criar uma pessoa à sua imagem e semelhança. É normal que, no começo, ele imite você. Mas se ele estacionar na mimese, advirta-o. Estimule o educando a procurar sua própria identidade. Você não está diante de um espelho, mas de uma obra original de Deus... e Ele é criativo! Haveria muitas coisas a dizer sobre educação e formação. É um assunto que encanta, mas a última coisa que quero deixar registrada, nestas poucas linhas, é que a verdadeira educação sempre nasce e termina na capacidade de se maravilhar. Maria ficou maravilhada diante do anjo... e o milagre aconteceu. Se você tiver a capacidade de se encantar até com uma gota de orvalho que cai de uma folha, então você está pronto para encantar os seus alunos e tem coração de educador! 

Relacionamento entre Professores e Alunos Prof. Uirá Ribeiro autor de vários livros, escreveu um como título “37 hábitos e 195
atitudes dos professores altamente eficazes