A pura alegria de proporcionar bem-estar ao próximo
O ato de “servir” é praticamente inerente a todo ser humano.
É notável como o serviço tem sido necessário para os avanços da humanidade
através dos séculos. Em princípio, tudo o que se faz, se constrói, se pesquisa
ou inventa tem por finalidade melhorar a vida no nosso planeta. Não se pode
negar que esse empreendedorismo rende benefícios individuais, como prestígio,
compensação financeira, satisfação pessoal com o aprendizado ou com sua
aplicabilidade.
No entanto, vale a pena mencionar que nem todos os propósitos
são honrosos.
Dentro das dimensões do trabalho existe também a face do
servir com gratuidade. O serviço voluntário implica fazer algo para outra
pessoa sem esperar uma gratificação como forma de pagamento. Há quem, em
atitude magnânima, seja capaz de servir ciente de que não receberá sequer um
“muito obrigado”. Aquele que, livre e espontaneamente, se torna voluntário na
execução de determinado trabalho, pelo simples propósito de fazer o bem,
liberta o favorecido de qualquer forma de retribuição. Há quem acredite que
esse desprendimento seja uma insanidade por ser totalmente avesso à inclinação
que temos em buscar os meios para a própria sobrevivência.
Mas, quando nos fazemos servos dos outros, enchemos nosso
coração com o sentimento da alegria. Aquele que está disposto a trabalhar, sem
visar recompensas, tem apenas a pura alegria de proporcionar bem-estar ao
próximo, sem um acréscimo a sua pessoa. É um júbilo espiritual.
Nossa Senhora demonstra a alegria de ser serva quando vai
ajudar a prima Isabel e canta esse sentimento ao encontrá-la: “Minha alma
glorifica o Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador,
porque Ele olhou para sua pobre serva” (Lucas 1, 46-48).
Mais tarde, Jesus faz do servir desinteressado um princípio
cristão: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua
vida em resgate de muitos” (Mateus 20,28).
Para não nos atermos somente aos grandes propósitos, mas
também àqueles ‘pequenos grandes gestos’, temos no Evangelho de Lucas: “Mas
quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
Serás feliz porque eles não tem com que te retribuir” (Lucas 14,13-14).
Existe nessas citações bíblicas um princípio eterno, que
liga o efeito da alegria à ação de servir. Esse sentimento tão prazeroso
acontece também pelo serviço. Portanto, podemos buscar sempre mais preencher
nossas vidas com o belo sentimento da felicidade que proporcionamos aos outros
sem que estes nos tenham pedido e sem que esperemos nada em troca.
Jesus, o Mestre, com Sua Mãe, a Santíssima Virgem Maria,
querem nos indicar com isso que a verdadeira alegria está dentro de nós e vem à
tona quando deixamos aflorar todo o amor que podemos proporcionar aos que Deus
põe em nosso caminho.
A recompensa maior certamente está no céu, mas pode ser
desfrutada já aqui neste mundo. Para encontrar a felicidade, comece praticando
um dom e oferecendo-o gratuitamente a quem está próximo de você. Necessidades e
circunstâncias por aí não vão faltar, é só ficar atento, pois o Altíssimo quer
fazê-lo feliz!
Sandro Ap. Arquejada - Com. Canção Nova