Jamais, na história do cristianismo, tivemos tantos
meios para chegar às pessoas. Hoje, ouvimos falar de encontros cristãos
católicos ou de outras denominações cristãs que reúnem multidões
impressionantes. Os cristãos do Brasil estão ocupando lugares nas mais
diferentes mídias que se têm à disposição em nossos tempos e isso é muito
bom.
Mas o mundo está mais cristão? Os ensinamentos de
Jesus Cristo estão sendo conhecidos e vividos de verdade? Lembremos que o
Senhor, ao enviar os seus discípulos, ordenou-lhes que ensinassem os povos a
observar tudo o que Ele lhes havia lhes dito: amor a Deus e ao próximo,
perdão, pobreza, mansidão, simplicidade, renuncia, doação de vida ... Nada pode
ser omitido. A esse respeito Bento XVI nos advertiu: a mensagem evangélica
não pode ser “selecionada” para dar audiência, ser popular.
“Antes de tudo, devemos estar cientes de que a
verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua “popularidade”
ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la
a conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez a mitigando.
”
Como é fácil encontrar pessoas que recebem o
Anúncio, até se emocionam, gostam das músicas cristãs, mas não estão dispostas
a viver as renúncias da fé. Como temos lidado com isso? Estamos criando
mecanismos para formar as pessoas na reta doutrina, para “aprofundar,
consolidar, alimentar e tornar cada dia mais amadurecida a fé daqueles que se
dizem já fiéis ou crentes, afim de que o sejam cada vez mais”?
Se temos tido contato com multidões e elas, ao
saírem de nossa presença, continuam relativistas, selecionando os aspectos da
fé que mais lhes agradam, se levam uma vida sem considerar os Mandamentos, se
ignoram os ensinamentos de Cristo e de Sua Igreja, precisamos pensar seriamente
a respeito.
Aqui entra o papel do pastoreio, como um esforço
para que as ovelhas fiquem no aprisco, protegidas dos tantos lobos que as
cercam. O pastoreio insere a pessoa em uma nova cultura; em nossa linguagem
habitual: na Cultura de Pentecostes. É preciso despertar nelas a consciência de
que fazem parte deste povo singular. Que desejem ir para a Igreja, ao
Grupo de Oração, porque sabem o que significa fazer parte do Corpo do Senhor. E
que elas próprias possam ser também propagadoras da Mensagem.
Para que isso aconteça, é preciso cuidar, amar,
ouvir, ensinar, formar. É preciso ter paciência, também, porque essa mudança
geralmente requer dedicação perseverante. É missão nossa trabalhar para que
grupos sem identidade, sem forma, sejam transformados em Povo Deus.
Povo esse que se manifestou ao mundo no dia de
Pentecostes e mudou o rumo dos acontecimentos da humanidade. Aqueles
homens e mulheres da primeira hora do cristianismo encararam os desafios de seu
tempo com coragem. Quando necessário derramaram o próprio sangue, que foi
“semente de novos cristãos”. Eis uma história verdadeira e bonita, que mostra
qual deve ser a postura do povo que leva o nome do Altíssimo.