“Aquele que quiser ser
líder amoroso deve ser o servo de todos”. O líder servidor é alguém que é
obedecido, porque antes de mandar fazer ele já fez e sabe como se faz. Sua
ordem não é arbitrária. Ele sabe que é possível pintar aquela parede daquele
jeito e naquele espaço de tempo. Ele mesmo já pintou muitas paredes sem
precisar mais do que duas horas para fazer todo o serviço. Agora ele pode
liderar os seus pintores com autoridade.
A liderança é
construída em uma dimensão humana muito mais profunda: a atitude! O verdadeiro
líder é reconhecido até pelo tom da voz. Ele não precisa insistir muito para
que as pessoas fiquem persuadidas de que seu caminho é, de fato, o melhor. Ele
inspira confiança no grupo porque tem uma atitude de líder. O amor é a sua
raiz, doando-se dando a vida pelo grupo.
O amor tem sua
racionalidade, mas não vamos exagerar. O líder amoroso deve ser “emocional” e
não “emotivo”. O emotivo é refém de suas emoções. O emocional as administra
soberano, ou seja, sem negá-las e sem superdimensionar os sentimentos em detrimento
da razão. A inteligência emocional nos capacita para os mais diversos níveis de
relacionamento. Ela também é a mola propulsora de nossas motivações.
É líder aquele que
influencia as pessoas do grupo para que todos possam chegar à meta pretendida.
Você está se afastando da liderança quando se torna paternalista e faz tudo o
que os outros deixaram de fazer. O bom líder consegue distribuir as tarefas e
liderar com sua presença e sua ausência. O líder amoroso tem três habilidades
fundamentais: Visão, Coesão e Ação. O bom líder partilha suas habilidades de
modo a gerar uma “liderança em cadeia”. Sabe delegar. Não retêm suas
descobertas como se isso colocasse em risco seu cargo. Aliás, um dos grandes
equívocos dos aprendizes de líder é achar que a liderança será exercida apenas
por eles. Repita a seguinte frase até se convencer: “Não existem líderes
solitários”.
O líder tem uma
confiança inabalável, ele crê naquilo que viu... Profetas amorosos arriscam
generosamente, pois têm a virtude fundamental da confiança, que é o alicerce da
sua perseverança.
Contudo é necessário
pensar, no sentido de dar atenção, dedicação, afeto. Muita cautela, vivemos
hoje uma crise civilizacional e precisamos rever nossos paradigmas. Os recursos
naturais podem entrar em colapso se não mudarmos radicalmente nosso jeito de
pensar e viver. A ética do cuidado é um destes referenciais que fazem parte do
repertório de um líder amoroso, que percebe quando as coisas estão mudando,
independente de nossas opções ou projetos.
O líder amoroso é
aquele que “sabe cuidar”. Ele cultiva as pessoas, os relacionamentos, as
flores, os ambientes, os pássaros, os jardins, a terra e a si mesmo. Ele esta
disposto a virar o jogo e garantir o Cuidado Solidário como dimensão essencial
da vida.
Extraído do Livro: "A sabedoria dos monges na arte de liderar pessoas" - Anselm Grun